Por Felipe Frazão e Marcela Mattos, na VEJA.com:
Uma manobra de parlamentares da oposição, com aval do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), postergou a eleição da comissão especial que analisará o pedido de impeachment contra a presidente da República, Dilma Rousseff. O adiamento ocorreu no mesmo dia em que Dilma anunciou querer que o Congresso decida sobre o impeachment “o mais rápido possível”.
A indicação e a escolha da chapa com 65 deputados seria realizada nesta segunda-feira às 18 horas, mas ficou para terça depois de opositores articularem a eleição de uma chapa alternativa. A intenção é evitar que líderes dos partidos da base governista que têm deputados com posições divergentes indiquem apenas integrantes alinhados ao Palácio do Planalto para barrar o processo. O primeiro racha foi na bancada do PMDB, depois de o líder Leonardo Picciani (RJ), defensor declarado de Dilma, sinalizar que não reservaria vagas para deputados pró-impeachment.
A indicação dos nomes e a escolha dos integrantes da comissão deverão ocorrer às 14 horas desta terça-feira, o que pode esvaziar também a sessão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar programada para votar o relatório preliminar do processo contra Eduardo Cunha no mesmo horário.
Aliados de Cunha, como o deputado Paulinho da Força (SD-SP), retiraram as indicações que já haviam sido feitas e vão apresentar nomes apenas na chapa paralela, nesta terça. Segundo Paulinho, quando há divergências numa bancada pode haver candidaturas avulsas apresentadas pelos deputados e outra feita pelo líder. Ele disse que a chapa paralela poderá ser registrada com no mínimo 33 nomes e forçar uma disputa eleitoral.
“Os líderes indicam seus nomes e formam uma chapa. Mas dentro das suas bancadas pode-se fomentar que parlamentares formem uma segunda chapa. Está permitida uma briga interna de cada bancada”, disse Sibá Machado (AC), líder do PT. “É inaceitável. Eu abandonei a reunião de líderes. Está tudo contaminado. Nós temos uma única chapa. Essa história de chapa avulsa tem o dedo dos tucanos para criar problema. Hoje à noite seria quase uma aclamação.”