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Dirigentes do PCdoB receberam do Esporte via consultoria

Casa de Taipa Comunicação foi criada para atuar em projetos ligados à pasta

Por Da Redação
1 nov 2011, 06h00

Dois dirigentes do PCdoB receberam recursos públicos por meio de uma empresa de consultoria, a Casa de Taipa Comunicação Integrada, criada para atuar em projetos ligados ao Ministério do Esporte, comandado pelo partido.

Um dos donos da empresa é Júlio César Filgueira, ex-secretário do ministério e filiado ao PCdoB. Seu sócio, Oswaldo Napoleão Alves, é também do partido e coordenador do núcleo de ensino e pesquisa da Escola Nacional da legenda comunista.

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Em agosto, a empresa deles recebeu 825.000 reais da Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU) para cuidar da promoção da candidatura de Brasília aos Jogos Mundiais Universitários – conhecidos como “Universíade” – de 2017, dentro de um projeto financiado pelo governo do DF e apoiado oficialmente pelo Esporte.

A engenharia dos repasses e as relações entre os envolvidos indicam a formação de um circuito fechado que começa nos gabinetes apoderados pelo PCdoB na Esplanada e acaba na empresa dirigida pelo quadros do partido.

Em 2009, quando ainda estava no ministério, Filgueira assinou dois convênios que somam pelo menos 1,1 milhão de reais com a mesma CBDU, que viria a contratá-lo dois anos depois, agora com dinheiro do governo do DF, como “consultor” por valor semelhante. Ele abriu a empresa de consultoria em dezembro de 2009, dois meses depois de deixar o ministério, onde era responsável pelo programa Segundo Tempo.

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Delegação – Em agosto, o governador do DF, Agnelo Queiroz, e o secretário nacional de Esporte Educacional do Ministério do Esporte, Wadson Ribeiro, estiveram nos Jogos Mundiais Universitários de 2011, na China, para defender a candidatura de Brasília para 2017. O ministério foi quem bancou a participação da delegação CBDU no evento da China com 2 milhões de reais. Desde 2005, pelo menos 13,5 milhões de reais do ministério foram parar na conta da entidade desportiva.

O repasse de 825.000 reais para uma empresa de membros do PC do B num projeto apoiado pelo Ministério do Esporte mostra, pela primeira vez, o vínculo direto de integrantes do partido com o destino final de recursos públicos para a área. Reúne também, num mesmo caso, a legenda comunista, o Ministério do Esporte e Agnelo Queiroz, ex-ministro da pasta, ex-filiado ao PC do B e hoje no PT. O episódio revela ainda que o partido pode ter montado um esquema não só por meio de organizações não governamentais (ONGs), mas também com entidades desportivas.

O site do Ministério do Esporte registra uma foto de Wadson Ribeiro, Agnelo Queiroz e Luciano Cabral (presidente da CBDU) com o chefe do comitê organizador do evento na China em agosto. Na época, o secretário do Ministério do Esporte ressaltou o desejo brasileiro de sediar os jogos de 2017. “O Brasil se empenhará para fazer uma excelente apresentação de Brasília como candidata a cidade-sede dos Jogos de 2017”, disse Wadson.

Ele só não contou que a empresa escolhida para preparar a candidatura pertence a um de seus antecessores no cargo. O policial militar João Dias Ferreira, autor das denúncias que derrubaram Orlando Silva do ministério na semana passada, acusou Filgueira de participar do esquema de desvios do programa Segundo Tempo. Ferreira disse ter gravações que comprometeriam o agora consultor de comunicação.

Sócios – Segundo dados da Junta Comercial, a Casa de Taipa tem sede em São Paulo e capital social de 10.000 reais. É formada por duas empresas: FN Gestão Estratégica de Ativos e GEA Gestão Estratégica de Ativos.

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O contrato de 825.000 reais da Casa de Taipa com a CBDU, vinculado ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB), foi fechado no dia 8 de agosto. Três dias antes, a entidade desportiva celebrou convênio de 2,8 milhões de reais com o governo do DF e, no dia 1.º de agosto, recebeu 2 milhões de reais do Ministério do Esporte para custear a delegação brasileira nos jogos da China, quando apresentaram a candidatura brasileira. A Federação Internacional do Desporto Universitário (Fisu) programou para esta semana uma vistoria em Brasília para avaliar suas pretensões em sediar os jogos de 2017.

O sócio de Filgueira na consultoria, Oswaldo Napoleão Alves, é figura conhecida do PCdoB paulista. Foi da comissão nacional de organização e do comitê financeiro nas eleições de 2008. No diretório em São Paulo, é ligado ao secretário nacional de Organização, Walter Sorrentino, este casado com Nádia Campeão, presidente do PCdoB em São Paulo e cotada para trabalhar com o novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo.

Na semana passada, Orlando Silva deixou o comando do Esporte após acusações de envolvimento em esquema de corrupção na pasta. A crise envolveu os repasses do governo para ONGs para execução de projetos sociais.

Concorrência – O presidente da Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU), Luciano Cabral, disse que a Casa de Taipa Comunicação Integrada foi escolhida por ter oferecido o menor preço numa concorrência. Segundo ele, não há vinculação entre esse contrato e a participação do sócio da empresa Júlio César Filgueira como diretor do comitê da candidatura de Brasília à sede dos Jogos Mundiais Universitários de 2017.

(com Agência Estado)

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