No discurso oficial, o PT nega o clima de “já ganhou” em torno da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência. Mas, nos bastidores, até mesmo a ex-ministra já começa a planejar seu eventual governo. Dilma planeja adotar um modelo de governança que inclui seleto grupo de conselheiros no Palácio do Planalto. A ideia guarda semelhança com o núcleo de assessores especiais da Casa Branca, sede do governo americano, mas enfrenta resistência de ministros, que temem sobreposição de funções.
O projeto de Dilma é escalar um time de auxiliares em áreas estratégicas, como Economia, Assuntos Internacionais, Meio Ambiente, Minas e Energia, Comunicações, Justiça e Segurança Nacional. Os conselheiros se reportariam diretamente a ela e teriam assento no primeiro escalão. Trata-se, na prática, de uma estrutura de apoio ao gabinete da Presidência da República.
A petista já conversou sobre o assunto com interlocutores de sua confiança, mas baixou a lei do silêncio. “Existem muitas especulações nessa época de campanha”, diz a candidata do PT, em resposta padrão para conter os vazamentos. “Não vou pôr a carroça na frente dos bois.”
A revelação, no domingo, de que o PMDB já planeja partilhar os cargos do governo “meio a meio” irritou a candidata petista. Dilma pediu ao presidente do PMDB, Michel Temer (SP) – vice em sua chapa – que desmentisse a informação. Até o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, apelou a Temer que se abstenha de tratar da montagem de um eventual futuro governo.
Segundo Dutra, Temer afirmou que está lutando para pôr ordem na casa e impedir qualquer ânimo mais exaltado pela busca dos cargos. “Ele (Temer) afirmou que o PMDB não está tratando desse assunto”, disse Dutra. “Até leu uma nota em que comunica que o tema nunca foi negociado com o PT e que ninguém no PMDB está autorizado a falar qualquer coisa sobre esse assunto.”
O plano de montar um staff especial traz como pano de fundo a blindagem de Dilma. Embora diga que os cargos da Esplanada não podem ser preenchidos apenas por técnicos, a ex-ministra da Casa Civil já começa a se precaver contra o loteamento político. É uma forma de driblar a “porteira fechada” nos ministérios, cobiçada tanto pelo PMDB como por outros aliados.
(Com Agência Estado)