Desabrigados relatam cenas de horror na tragédia de Mariana
Corpo de Bombeiros informou que resgatou ao todo 500 pessoas do vilarejo de Bento Rodrigues (MG); região foi inundada por um "mar de lama" após o rompimento de duas barragens
Por Da Redação
6 nov 2015, 10h09
Dos 600 habitantes de Bento Rodrigues, distrito localizado na cidade mineira de Mariana que foi devastado pelo rompimento de duas barragens nesta quinta-feira, cerca de 270 tiveram de passar a noite de quinta para sexta-feira em um ginásio de esportes e numa igreja da região. As buscas por pessoas ilhadas e soterradas recomeçaram na manhã desta sexta. Até o momento, o Corpo de Bombeiros informou o resgate de 500 moradores da região.
Em último comunicado divulgado no Twitter, a corporação confirmou ao menos uma morte, quatro feridos e treze desaparecidos. Segundo a prefeitura de Mariana, duas frentes de trabalho ocorrem simultaneamente no momento. Em uma, as equipes trabalham em busca de sobreviventes; e na outra, são recebidos desabrigados e doações. Ao todo, há 105 bombeiros atuando no local, com o auxílio do Exército e vinte viaturas da corporação.
Desalojados pela enxurrada de lama que inundou o vilarejo, os moradores relatam cenas de horror na hora do incidente. “Um caminhão passou buzinando feito louco, avisando que a barragem havia rompido. Ele foi parando e gritando: ‘Pula! Pula!’. As pessoas foram se jogando na caçamba, uma sobre as outras”, conta a dona de casa Rosa Helena da Silva, de 46 anos, uma das vítimas abrigadas no ginásio poliesportivo da cidade. “No final, o caminhão nem estava mais parando para o pessoal entrar”
Segundo Rosa, quando o grupo chegou a Santa Rita, um vilarejo vizinho, cerca de sessenta pessoas estavam no caminhão. “Não teve aviso, não teve nada, só esse caminhão que passou buzinando. Muita gente ouviu os gritos do caminhoneiro, mas não entendeu ou não acreditou e ficou”, diz. A dona de casa relata ter visto crianças vomitando por causa da lama com resíduos da mineradora. “Um homem estava com as duas pernas quebradas”, afirma.
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“Meu filho estava de carro e nos levou até a igreja. Não sobrou nada de nossa casa”, afirma a dona de casa Dirce Breta Sobrera, de 73 anos. Com um pé enfaixado, ainda atônita, ela diz que não sabe como se machucou. “Foi na correria.” Moradores das regiões de Paracatu e Paracatu de Baixo também tiveram de deixar as casas, pois havia risco de serem atingidas pela lama de rejeitos.
Dos desabrigados, cerca de 150 se refugiaram na Arena Mariana, no centro da cidade, e outros 120 na Igreja de Nossa Senhora das Mercês. Em publicações nas redes sociais, a prefeitura de Mariana faz apelos para conseguir doações para as vítimas da tragédia. Os pedidos são de roupas, toalhas de banho, colchões, água mineral e produtos de higiene pessoal.
A divisão entre indicados de Lula e Bolsonaro no Copom e entrevista com Alexandre Schwartsman
As bolsa europeias e os futuros americanos são negociados em baixa na manhã desta quinta-feira, 9. Agora é oficial: o Copom mudou a rota da política monetária brasileira. O comitê projetava na reunião passada um corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic agora em maio. Não rolou. O Banco Central cortou os juros em 0,25 ponto percentual, para 10,50% ao ano. A decisão já era esperada pelo mercado e escancarou a divisão entre os membros do comitê. Os diretores e o presidente indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro são maioria e votaram por um corte de 0,25 ponto percentual na Selic. Os quatro indicados pelo governo Lula defenderam um corte maior de 0,5 ponto percentual. O comunicado do Copom diz que o cenário externo de mostra mais adverso e exige mais cautela no combate à inflação. O Brasil vai importar 1 milhão de toneladas de arroz por causa da destruição de safras no Rio Grande do Sul. Empresas como GM, Gerdau e Renner tiveram suas operações prejudicadas. O governo anunciou 1,7 bilhão de reais em obras para prevenção de desastres naturais. Diego Gimenes entrevista Alexandre Schwartsman, economista, colunista de VEJA e ex-diretor do Banco Central.
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