Ex-todo-poderoso diretor de Abastecimento da Petrobras, o engenheiro Paulo Roberto Costa diz que está quebrado, sem dinheiro. O homem que ajudou a estruturar o bilionário cartel das construtoras para desviar dinheiro da estatal alega que não tem dinheiro nem para viajar para o Paraná. Em uma petição impetrada hoje na 13ª Vara Criminal da Justiça Federal de Curitiba, os advogados de Paulo Roberto explicam que a falta de dinheiro impede que ele compareça à audiência no dia 9 de março, na qual é testemunha de acusação.
Paulo Roberto Costa envolveu sua família no esquema de corrupção da Petrobras, criando contas em nome de várias empresas, para depositar o dinheiro desviado. Em duas contas da Suíça, foram restituídos 70 milhões de reais (23 milhões de dólares). No final do ano passado, a Receita enviou a Paulo Roberto um auto de infração. Paulo Roberto terá que pagar 65 milhões de reais sobre o dinheiro indevido que desviou.
Os advogados dizem que o comparecimento do engenheiro à audiência geraria um grande dispêndio em virtude dos altos valores das passagens aéreas e que ele não tem condições de arcar com essas despesas, “em virtude da grave dificuldade econômica em que toda a família se encontra”. Soma-se a isso, alegam os defensores, o bloqueio das contas bancárias da família.
Eles dizem contar com “o descortino e a sensibilidade” do juiz Sergio Moro para que o depoimento seja feito por intermédio de vídeo-conferência. Condenado em vários processos na Operação Lava-Jato por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, Paulo Roberto Costa fez delação premiada e livrou-se da prisão em regime fechado. No final do ano passado, a Justiça autorizou que ele retirasse a tornozeleira eletrônica. A audiência do primeiro delator da Lava-Jato como testemunha de acusação está prevista em ação penal onde constam como réus o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral e sua esposa, a advogada Adriana Ancelmo, que estão presos no Rio.