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Defesa de Lula critica condenação unânime no TRF4: ‘autoritária’

Advogados vão aguardar decisão ser publicada para estudar de que forma recorrerão. Petista teve pena aumentada para 12 anos e 1 mês de prisão

Por João Pedroso de Campos, de Porto Alegre
Atualizado em 24 jan 2018, 22h55 - Publicado em 24 jan 2018, 22h21

Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticaram na noite desta quarta-feira (24) a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que condenou o petista por unanimidade a 12 anos e um mês de prisão no processo da Operação Lava Jato referente ao tríplex do Guarujá.

Em coletiva de imprensa em um hotel de Porto Alegre, o advogado Cristiano Zanin Martins afirmou que os três desembargadores federais não apresentaram provas de que Lula cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo o advogado, o petista reagiu com “indignação natural” ao veredito.

“Nenhum dos votos indicou nem o uso da função pública e tampouco o recebimento de qualquer vantagem indevida. Prevaleceu o conceito de atos indeterminados” disse Zanin, para quem as acusações estão no “campo da cogitação”. Na entrevista, ele estava acompanhado dos advogados José Roberto Batochio, Valeska Teixeira Martins e Geoffrey Robertson, que defende Lula em uma ação na ONU.

Cristiano Zanin citou o que classifica como “componente político muito forte” no julgamento e se queixou de um suposto descompasso entre a acusação do Ministério Público Federal (MPF) e os votos dos magistrados. “Lula foi mais uma vez julgado em uma acusação diferente daquela que estava na denúncia”, afirmou.

Batochio, que também defende o petista, classificou a decisão do TRF4 como “autoritária” e comparou o atual protagonismo da Justiça no Brasil à ditadura militar. “O autoritarismo não veste mais aquela cor verde oliva dos militares. Parece que ele sofreu uma mutação cromática e hoje se veste de preto. Condenação sem provas é condenação autoritária“, atacou o advogado, que criticou também a rápida elaboração dos votos dos magistrados ante as “256.000 páginas do processo”. “Estamos trocando os parâmetros da lei pelos parâmetros da convicção”, completou José Roberto Batochio.

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Cristiano Zanin questionou ainda o crédito dado pelos desembargadores federais João Pedro Gebran Neto, Leandro Paulsen e Victor dos Santos Laus ao depoimento de Léo Pinheiro, ex presidente da OAS, que também é réu e foi condenado no processo. O TRF4 concordou com a acusação de que a empreiteira pagou 2,2 milhões de reais em propina a Lula por meio da doação do tríplex e da reforma do imóvel. Na coletiva, os defensores voltaram a alegar que o apartamento jamais esteve registrado em nome de Lula.

Outro ponto da fala do advogado foi o de que o TRF4 abordou aspectos de um inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar o crime de organização criminosa por integrantes do PT, incluindo Lula. Para Zanin, o tribunal “usurpou” a competência do Supremo no caso, que já teve uma denúncia apresentada pelo ex procurador geral da República Rodrigo Janot.

O defensor afirmou que aguardará a publicação da decisão do TRF4 para decidir qual será a estratégia da defesa e o tipo de recurso a ser utilizado para combater o acórdão dos desembargadores. Como a decisão da 8ª Turma do tribunal foi unânime, inclusive a respeito das penas aos réus, são possíveis embargos de declaração ao próprio TRF4, recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou recurso extraordinário ao STF.

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Apesar da indefinição, Cristiano Zanin falou em recorrer a instâncias e cortes internacionais contra o julgamento. Lula já tem uma ação em curso no Conselho de Direitos Humanos da ONU contra supostos abusos do júri federal Sergio Moro na condução do processo contra o petista em primeira instância.

O advogado australiano Geoffrrey Robertson, que representa Lula nesta ação, também falou aos jornalistas. Ele declarou que reforçará na próxima segunda-feira à ONU as alegações do ex presidente. “Lula não teve julgamento justo diante do juiz Moro. Isso não tem nada a ver com se ele é inocente ou não, mas se o procedimento foi justo ou não”, diz Robertson. O advogado afirmou algumas vezes que, em países “civilizados”, os juízes não atuam como investigadores e julgadores e os procuradores não se sentam ao lado dos magistrados nos tribunais, tal qual no TRF4.

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