Como mostra a crônica policial, toda quadrilha tem muitos apelidos. Nas organizações criminosas investigadas pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, a prática não era diferente. Operadores, executivos e políticos referiam-se uns aos outros com debochados codinomes. A intenção, claro, era evitar que algum dia fossem descobertos pela Justiça. A investigação, por exemplo, só mudou de tamanho quando os policiais descobriram que Alberto Youssef era o “Primo”, tão mencionado nas conversas do doleiro Carlos Habib Chater. E chegou à Petrobras com a revelação de que o “PR”, citado por Youssef, era o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Em quase todas as descobertas de beneficiários do esquema de corrupção surgiram novos apelidos. O ex-deputado federal Luiz Argôlo era chamado de “Bebê Johnson” por Youssef, nas afetuosas mensagens trocadas pelos dois pelo celular. Mas os codinomes mais criativos surgiram nos depoimentos do ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, que fechou acordo de delação premiada. Bem-humorado, ele chamava o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, de “Moch”. Nada mais apropriado para quem andava sempre com uma mochila a tiracolo para receber pagamentos em dinheiro vivo pelo país, de acordo com as revelações do delator. Mas alguns codinomes ainda são investigados, especialmente alguns dos responsáveis por coletar a propina para Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal. Eram chamados de “Tigrão”, “Melancia” e “Eucalipto”.