Por Felipe Frazão, na VEJA.com:
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apresentou nesta terça-feira a líderes de partidos dois passaportes antigos, com carimbos de entrada e saída em países da África. Ao todo, os passaportes têm cerca de sessenta registros, um deles com 37 carimbos em apenas dois anos.
De acordo com os registros, as viagens ocorreram na década de 1980 e atestam a tese de sua defesa para justificar os recursos mantidos em contas no exterior – e não declarados à Receita. Os advogados de Cunha argumentam que ele vendia carne enlatada para esses países e, como o negócio cresceu, precisou abrir uma conta fora do Brasil.
Cunha mostrou os passaportes aos deputados durante um almoço na residência oficial da Presidência da Câmara, em Brasília. Mesmo assim, ele não convenceu a todos. O deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), líder da oposição na Câmara, afirmou que as justificativas “não são satisfatórias”.
“O afastamento do Eduardo Cunha é o melhor para a instituição Câmara dos Deputados. As explicações deixam a desejar, não parecem suficientes até o momento”, disse Araújo.
Além das viagens de Cunha a países africanos, a oposição avalia que ainda permanece uma lacuna na justifitiva para o depósito de 1,3 milhão de francos suíços feito pelo operador do PMDB João Augusto Henriques, que Cunha diz desconhecer a origem.