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CPI do Cachoeira: procuradora diz sofrer ameaças

Segundo ela, as tentativas de intimidação ocorreram nas datas próximas às audiências de Cachoeira; ela prestou depoimento à CPI no Congresso

Por Tai Nalon
21 ago 2012, 13h46

Uma das autoras da denúncia contra o contraventor Carlinhos Cachoeira, a procuradora da República Lea Batista de Oliveira afirmou nesta terça-feira à CPI que investiga o esquema comandado pelo bicheiro ter sofrido ameaças. Segundo ela, as tentativas de intimidação ocorreram em junho, nas datas próximas às audiências de Cachoeira na Justiça goiana.

Ela relatou ter recebido telefonemas com ameaças e disse que tentaram invadir sua casa. Posteriormente, afirmou, agentes da Polícia Federal identificaram que as chamadas foram feitas na cidade de Anápolis, berço da quadrilha. “A Monte Carlo desvelou uma máfia mais lucrativa que uma grande empresa. Um grupo estável, organizado, montado para cometer crimes graves. A sua existência por mais de uma década foi suficiente para organizar uma estrutura no estado. […] Para se perpertuar por anos a fio, a atividade criminosa conectou-se a agentes do estado”, disse.

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A procuradora classificou ainda a estrutura da quadrilha como “mafiosa”, organizada com base em códigos como “silêncio orquestrado”, o que contribuiria também para a perpetuação das ações. “Enquanto não conseguirmos sufocar a parte financeira da organização criminosa, ela vai continuar atuando, independentemente de o chefe estar preso ou não.”

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Penas – O procurador Daniel Rezende Salgado, também responsável pelas investigações, afirmou à CPI que, caso seja condenado pela Justiça, o contraventor deverá responder a, no máximo, 15 anos de cadeia. “Se ele vier a cumprir a pena integralmente, que pode chegar a 30 anos”, disse. Segundo ele, apesar de ser suspeito de diversos outros crimes, corrupção não é crime impeditivo, o que daria ao bicheiro direito a indulto.

Os procuradores enumeraram práticas criminosas da quadrilha orquestrada pelo bicheiro e viram, entre outras características, componentes que sustentam uma organização mafiosa, segundo eles, ainda em operação. De estrutura “sofisticada, complexa e ousada” e “piramidal e hierarquizada”, sobrevive, segundo a procuradora, por meio de chantagens, ameaças e cooptação de agentes públicos.

Salgado indicou também que os bens da quadrilha de Carlinhos Cachoeira chegam a R$ 167 milhões, a princípio, e são mantidos sequestrados pela Justiça. A apuração do patrimônio do contraventor deve compor uma segunda etapa da operação, que, de acordo com o procurador, pretende desmontar o que classificou como uma “estrutura sofisticada”. O dinheiro da organização criminosa para o crime de lavagem de dinheiro, disse, mistura-se, ao se associar com outras firmas, com o de empresas tidas como idôneas. Isso dificulta o rastreamento e eventual punição pela prática criminosa.

“Precisamos desenvolver de forma mais célere as investigações para que o patrimônimo possa ser mantido apreendido. Temos de ver se conseguimos agilizar, especialmente na parte da lavagem de dinheiro, e ver se conseguimos manter o sequestro dos bens”, disse Salgado.

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Delta – Os procuradores afirmaram ainda que as investigações em curso ainda não conseguiram desvelar informações consistentes sobre os braços criminosos ligados à construtora Delta. “Em relação aos jogos, ficou realmente focado na região do entorno de Goiânia. Essa parte empresarial não houve nenhuma investigação. O material está em estado bruto”, disse Salgado.

Segundo ele, no entanto, é possível afirmar que Cachoeira atuava nas dependências da empresa em Goiânia. “É o que a gente tem que trabalhar: essa questão de lavagem de capitais é uma percepção que está na fase inicial. Mas havia um contato de Carlos Augusto (Cachoeira), que chegava a receber pessoas na sede da Delta”, disse Salgado.

Ministério Público Ao final da reunião, o relator, Odair Cunha (PT-MG), defendeu que Ministério Público e CPI trocassem informações, de modo a aproximar investigações que correm paralelamente. Segundo ele, seria necessário apenas que, em reunião administrativa, caso os procuradores solicitassem informações à comissão, os parlamentares entrassem em acordo para o envio do material já coletado.

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