Costa e Youssef tinham mais intimidade do que se pensava
Polícia Federal apreendeu cópia de uma declaração em que o doleiro Alberto Youssef afirma que dividia apartamento com Paulo Roberto Costa
Os laços entre o ex-diretor da Petrobras e o doleiro Alberto Youssef são mais íntimos do que se pensava. A Polícia Federal apreendeu a cópia de uma declaração no mínimo inusitada. Com a firma reconhecida em cartório, o doleiro Youssef declarou em 29 de abril do ano passado que Paulo Roberto Costa morava em sua residência, na Rua Afonso Braz, número 747, apartamento 111A, em São Paulo. Paulo Roberto Costa, diz Youssef na declaração, “reside comigo desde janeiro de 2011 no endereço acima citado”.
Youssef tinha residências em Londrina e em São Paulo. O documento apreendido pela PF mostra que Youssef gastava muita energia no apartamento em que declarou morar com o ex-diretor da Petrobras. Até então, a maior ligação entre doleiro e ex-diretor da Petrobras era um automóvel de luxo. Youssef deu um caro Land Rover Evoque para o ex-diretor da Petrobras, que alegou ter feito consultoria para o doleiro. Consultoria de boca, diga-se de passagem.
Leia também:
Justiça aceita denúncia contra ex-diretor da Petrobras e Youssef
Paulo Roberto prestou depoimento à PF e confirmou que “a consultoria teria se dado principalmente por meio de reuniões presenciais e debates verbais”. Na polícia, Paulo Roberto declarou que mora em um condomínio na Barra da Tijuca, no Rio, e não fez qualquer referência ao apartamento em São Paulo. A declaração de Youssef foi encontrada em uma busca na empresa Autostar – Land Rover, na Avenida Jardim Europa, em São Paulo.
Youssef é acusado de utilizar empresas de fachada para realizar operações ilícitas de câmbio. Suas empresas fictícias receberam quase meio bilhão de reais de prestadores de serviços da Petrobras. Paulo Roberto Costa aparece nas duas pontas: a documentação apreendida pela polícia mostra que ele recolhia dinheiro de empreiteiras e negociava repasses a políticos.
O deputado André Vargas, que corre o risco de ser cassado por envolvimento com o doleiro, corrobora a suspeita: “Hoje, eu pareço o bandido e o Youssef e o Paulo Roberto e companhia são os mocinhos. Eu não tive essa convivência com ele. Quem era sócio do Youssef era o Paulo Roberto”, diz Vargas.