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Comitiva de Lula aponta negligência do governo Bolsonaro com os Yanomami

Mais de 700 indígenas estão em atendimento por desnutrição e outros problemas de saúde, em Roraima

Por Leonardo Caldas
Atualizado em 23 jan 2023, 09h08 - Publicado em 21 jan 2023, 20h10

Brasileiros de todos os cantos do país receberam em choque as imagens dos povos indígenas Yanomami, em Roraima. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu acompanhar presencialmente os trabalhos dos ministérios dos Povos Indígenas e o da Saúde na região. Na sexta-feira, 20, o Ministério da Saúde declarou emergência pela desassistência sanitária no território, depois que técnicos da Pasta resgataram pelo menos oito crianças em estado de desnutrição profunda. Já neste sábado, 21, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, ordenou a abertura de um inquérito para apurar supostos crimes ambientais e de genocídio.

Acompanhado da Primeira Dama, Janja, e de ministros do governo, Lula desembarcou, na área indígena e clamou por humanidade. “Se alguém me contasse que aqui em Roraima existiam pessoas sendo tratadas da forma desumana como o povo Yanomami é tratado, eu não acreditaria. Vamos tratar os nossos indígenas como seres humanos, responsáveis por parte daquilo que nós somos”, disse o presidente que criticou Bolsonaro por participar de motociatas pelo Brasil enquanto os povos indígenas estavam em completo abandono.

Lula assinou um decreto que instituiu um comitê de coordenação nacional que terá 90 dias para discutir ações de apoio às populações em território Yanomami. Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento, Assistência Social, Família e Combate à Fome, também acompanhou a agenda e falou em “indiferença” e “descaso” por parte do governo anterior. “Foi a indiferença e descaso do ex-presidente que matou o povo Yanomami, e agora chegamos para dar as mãos e trabalhar muito para estancar as mortes. Encontramos muitos em situação crítica. Precisamos agir”, falou o ministro que presenciou a chegada de 5 mil cestas de alimentos, vindos do Amapá em aviões da FAB para distribuir entre os indígenas.

Segundo dados oficiais, no ano de 2022 foram registrados 11.530 casos de malária na terra Ianomâmi, fato que agrava a situação no local. A senadora eleita Damares Alves, ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos de Bolsonaro, foi procurada por VEJA e disse que seu ministério acompanhava apenas as denúncias relativas à violação de direitos das crianças indígenas e que a política indigenista era dividida por outras três pastas: Educação, Saúde e Justiça.

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Durante as eleições, a ex-ministra se envolveu em uma polêmica quando lamentou o assassinato e estupro de uma adolescente de 12 anos da etnia Yanomami, supostamente cometido por garimpeiros da região de Waikás, em Roraima. Em entrevista ao portal UOL, a então pré-candidata ao Senado, pelo Distrito Federal, disse que “casos como esse acontecem todo o dia”, em tom de normalidade.

Quanto à situação atual, Damares entende que “não houve omissão” com os povos indígenas por parte do governo Bolsonaro, mas que um pacto pela defesa da infância precisa ser realizado com urgência. “Sei que a Sesai e a Funai trabalharam muito no governo Bolsonaro. Não houve omissão. As imagens que estão sendo divulgadas me causam dor e tristeza, em especial por toda minha luta pelas crianças indígenas”, disse a senadora eleita.

A ministra dos Povos indígenas, Sônia Guajajara, disse a VEJA que encontrou em Boa Vista (RR), onde foi realizada a ação interministerial, uma situação de “total desassistência”. “No atendimento estão, em média, 700 pessoas. Dessas, 175 já estão em condições de voltar para a aldeia. Há seis meses não existe transporte para essas pessoas buscarem assistência. O estado de subnutrição é muito grande. Em ambientes onde se comporta 300 pessoas, há mais de 700. Nós já denunciávamos isso e falávamos que tínhamos que decretar calamidade para instituir um comitê de enfrentamento à crise humanitária”, disse ela. Guajajara afirmou, ainda, que um hospital de campanha está sendo construído em parceria com as Forças Armadas para melhorar as condições de atendimento aos povos indígenas. Segundo ela, o governo predecessor deve ser responsabilizado pela negligência humana encontrada no local.

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