O ex-prefeito Cesar Maia é um viciado em eleições, processos eleitorais e em explicações a partir de estatísticas. É também um especialista na política de toda a América do Sul, assunto sobre o qual é capaz de fazer longas explanações, horas a fio. Há, no entanto, momentos em que a política não faz sentido, ou torna-se praticamente inexplicável. Um deles é o período que envolve a situação de Maia no Rio: uma semana depois de dizer que seria “uma vergonha” aliar-se ao PMDB, o líder do Democratas assume a condição de candidato ao Senado em uma coligação liderada por peemedebistas.
Difícil explicar? Não para Cesar, que, quando preciso, recorre a grandes exemplos do passado. A saber: o líder comunista Luiz Carlos Prestes (1898-1990), que se reconciliou com o ex-presidente Getúlio Vargas, responsável por enviar a mulher de Prestes a um campo de concentração nazista; e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill (1874-1965). “Como a opinião pública brasileira entendeu Prestes sair da prisão e se reconciliar com Getúlio Vargas? Ou Churchill se aproximar de (Josef) Stalin? Estou dando exemplos. Mas essa necessidade do presente faz parte da política em qualquer lugar do mundo. Então, não vejo nenhum tipo de dificuldade de conflitos anteriores produzirem qualquer tipo de óbice para que se trabalhe junto dentro daquilo que se formulou”, afirmou Maia.
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O ex-prefeito enfrentou Jorge Picciani, presidente do PMDB no Rio, na disputa ao Senado em 2010, faz oposição ao prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), na Câmara Municipal, e constantemente criticava o governo Sérgio Cabral no boletim eletrônico que envia por e-mail a assinantes – batizado de “ex-blog”.
Alianças – Não é a primeira vez que Maia se alia a um adversário político com quem mantinha divergências. Em 2012, o filho do ex-prefeito, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM), foi candidato a prefeito do Rio com a deputada estadual Clarissa Garotinho como vice. As famílias Maia e Garotinho se diziam opositoras até então. Há duas semanas, Maia disse que foi contra essa união política: “Rodrigo viu nas ruas o que se imaginava. Fui contra a coligação com Garotinho”.
Maia também comparou o presidenciável tucano Aécio Neves a Honório Hermeto Carneiro Leão, o Marquês de Paraná, considerado um grande conciliador. “Tivemos na história política dois grandes personagens com essa capacidade de aglutinação: o marquês de Paraná e Tancredo Neves. Agora, Aécio Neves segue essa mesma escola”, afirmou.