Aezão: falta combinar com Cesar Maia
Ex-prefeito pretende concorrer ao governo do Rio e é atualmente um obstáculo aos planos de Aécio Neves, que pretende caminhar no Rio com PMDB e DEM
O PMDB fluminense quer apoiar o senador Aécio Neves, presidenciável do PSDB. E o PSDB tem na “revolta peemedebista” do momento uma chance de ressuscitar o partido no Rio de Janeiro e oferecer uma coligação robusta para os tucanos no Estado. Essa combinação de interesses é o esqueleto do “Aezão”, movimento que apoia o senador Aécio Neves, para o Planalto, e Luiz Fernando Pezão, para o Palácio Guanabara. Faltou, no entanto, combinar com uma terceira parte envolvida: o vereador Cesar Maia, ex-prefeito e maior liderança do DEM no Rio, é pré-candidato ao governo, e o partido está empenhado na campanha tucana para a presidência. O palanque duplo que se desenha com essa configuração é o nó a ser desatado pelos mentores do Aezão: os aecistas querem, naturalmente, a maior exposição e o maior número de aliados no Rio, mas para isso precisam que Maia renuncie à candidatura própria e embarque em coligação com o PMDB no Rio.
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Aécio e Maia têm encontro marcado nesta quarta-feira para resolver se a aliança de democratas e tucanos será informal ou se vai existir efetivamente coligação entre os dois partidos no Rio. O presidente do DEM, José Agripino Maia, diz a interlocutores que a decisão da candidatura cabe apenas ao ex-prefeito, mas não esconde a possibilidade de um acordo retirar Cesar Maia da corrida ao Palácio Guanabara em prol da candidatura presidencial de Aécio. O ex-prefeito, com poucas chances de vitória, tem na candidatura ao governo um interesse em especial: reeleger o filho, deputado federal Rodrigo Maia. Como vereador, ele tem mandato garantido até 2016 e precisa de uma candidatura majoritária, a governador ou senador, para ter maior exposição e ajudar o herdeiro.
Sozinho no Rio, o PSDB tem pernas curtas. Desde 2002, o partido sequer consegue o segundo lugar no estado. O partido tem apenas duas prefeituras, três deputados estaduais e dois federais. O PPS, que está na coligação tucana, tem um prefeito, dois deputados estaduais e um federal. O apoio do PMDB, que promete mobilizar prefeitos, vereadores e ex-prefeitos em 92 cidades do Rio, é o melhor dos mundos para os aecistas, mas manter Cesar Maia e PMDB do mesmo lado não será simples. E não só pela relação conflituosa que há entre o ex-prefeito e o partido, no qual está hoje um de seus desafetos, o prefeito Eduardo Paes.
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O Aezão precisa, portanto, criar um bom espaço para o ex-prefeito. Uma opção cogitada por correligionários é o ex-governador Sérgio Cabral ceder a candidatura ao Senado, em chapa do PMDB, para Cesar Maia. Parte do PMDB, como o líder na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, não esconde a preferência que Cabral dispute vaga de deputado federal, para puxar votos para a bancada peemedebista. Surge, então, outro entrave: liberar a vaga ao Senado para Maia feriria o acordo com o senador Francisco Dornelles (PP), que só aceitou abrir mão da disputa com a condição de o candidato ser Cabral.
Os peemedebistas já fecharam coligação no Rio com PP, PDT, PSD, PEN, PSL, PMN, PTC e Solidariedade. As três últimas siglas acertaram aliança com Aécio em nível nacional e podem ser uma solução para que o presidenciável tucano fortaleça sua exposição por todo o interior fluminense caso não tenha coligação formal com o bloco regional do PMDB. Pela legislação, Aécio e Pezão só podem aparecer juntos em material de campanha de aliados mútuos do PMDB fluminense e do PSDB nacional. O PSD ainda pode bandear para o lado dos tucanos na corrida presidencial.
Para fortalecer a candidatura de Aécio no Rio, o PSDB recuou na postura oposicionista que tinha contra o PMDB no Rio. O deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha, presidente do PSDB fluminense, se notabilizou desde 2007 como um dos poucos parlamentares que criticavam e fiscalizavam o governo Sérgio Cabral na Assembleia Legislativa do estado do Rio de Janeiro (Alerj). As críticas perderam força no último ano e, agora, ele já posa para fotos e participa de atos com os antigos adversários políticos.
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