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Casa Civil quer um “cercadinho do bem” no Palácio da Alvorada

Ciro Nogueira pretende municiar Jair Bolsonaro com dados positivos, para que o presidente pare de comprar brigas e divulgue uma agenda benéfica ao governo

Por Daniel Pereira 1 ago 2021, 10h24

Nomeado para a Casa Civil como parte dos esforços de Jair Bolsonaro para consolidar a aliança com o Centrão, Ciro Nogueira é conhecido pelo perfil moderado, a disposição ao diálogo e o pragmatismo. Em Brasília, ele faz parceria com o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) para negociar projetos e nomeações enquanto mantém uma sólida relação de amizade com Renan Calheiros (MDB-AL), que, além de opositor ao governo, é desafeto público e notório do Zero Um.

Apesar de se considerar um otimista, o novo ministro sabe que não mudará o estilo do presidente, que desde o início do mandato apostou na tensão e na intimidação como estratégias políticas. Mesmo assim, Ciro Nogueira acha possível pelo menos reduzir a quantidade de vezes em que o chefe faz ataques desnecessários a autoridades e se envolve em polêmicas que servem apenas para mobilizar nichos bem específicos do bolsonarismo.

Uma das ideias dele é transformar o cercadinho do Palácio da Alvorada, o palco em que Bolsonaro se sente mais à vontade para disparar impropérios e provocações, num palanque para o anúncio de informações positivas. Ciro Nogueira pretende municiar o presidente diariamente com dados e realizações que possam ser repercutidos pelo chefe diante de seus apoiadores. De trincheira de guerra, o cercadinho se tornaria o cenário preferencial de divulgação de uma agenda benéfica ao governo.

Um episódio recente serviu de inspiração para a ideia. Em março, Bolsonaro inaugurou um trecho de ferrovia em Goiás. Em vez de capitalizar a obra, o presidente chamou de “mi-mi-mi” as queixas sobre o número de mortos em razão da pandemia de Covid-19. O projeto “cercadinho do bem” é apenas uma das missões do novo chefe da Casa Civil. Há outras bem mais complicadas. Uma delas é melhorar a relação do Palácio do Planalto com o Senado e o Supremo Tribunal Federal (STF).

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O Senado toca atualmente a CPI da Pandemia. Controlada por senadores oposicionistas e independentes, a comissão tem sido um catalisador do processo de desgaste das imagens do governo e do presidente da República. Caberá à Casa também analisar a indicação de André Mendonça, titular da Advocacia-Geral da União (AGU), para o STF. Mendonça tem enfrentado resistência nos bastidores, sobretudo do ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre, com quem Ciro Nogueira quer retomar o diálogo em nome do Planalto.

Já no Supremo estão casos que podem complicar ainda mais a situação política de Bolsonaro. Um deles diz respeito ao esquema de rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. Outro apura o esquema das Fake News e tem como alvos o vereador Carlos Bolsonaro, o Zero Dois, e o deputado Eduardo Bolsonaro, o Zero Três. Serão negociações difíceis. A esperança de Ciro Nogueira é que o cercadinho do Palácio da Alvorada sirva também para a busca da pacificação — e não para aumentar a tensão com outros poderes, como já aconteceu várias vezes.

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