Era 4 de agosto quando o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), líder absoluto nas pesquisas de intenção de votos, desistiu de disputar a reeleição. O anúncio abrupto, feito um dia antes do prazo final para o registro de candidaturas, promoveu uma reviravolta no xadrez eleitoral mato-grossense e colocou em risco a base aliada ao governador Pedro Taques (PSDB). Às pressas, o tucano procurava um nome para substituir o prefeito nas urnas. Foram pelo menos seis políticos procurados em 24 horas. O escolhido, o ex-prefeito da cidade Wilson Santos (PSDB), recordista em rejeição no eleitorado e inimigo figadal de Mauro Mendes. Neste domingo, em um sinal de sobrevida política, Taques conseguiu emplacar seu candidato no segundo turno contra o ainda favorito Emanuel Pinheiro (PMDB).
Em Cuiabá, a candidatura do peemedebista ganhou corpo na metade final da campanha, quando ultrapassou o então líder Procurador Mauro (PSOL) e começou a se consolidar na liderança. Com amplo leque de apoios, Emanuel fechou o primeiro turno na primeira colocação, com 34,17% – os dados são referente a 99,40% dos votos apurados. Foi o alvo preferencial dos ataques de adversários, seja porque recebe aposentadoria parlamentar mesmo sendo deputado estadual, seja por ter apoiado o ex-governador presidiário Silval Barbosa (PMDB), seja pelas referências, negadas pelo candidato, a um processo em que é acusado de utilizar esmeraldas falsas para pagar uma dívida. O deputado estadual Emanuel Pinheiro era da base de sustentação do governo Silval e defendia o então chefe do Executivo no início das investigações de desvio de dinheiro público, em 2012. Egresso do PR, também foi secretário-geral do partido e teve como correligionários Éder Moraes e o ex-secretário da Casa Civil Pedro Nadaf, ambos aliados de Silval e presos por escândalos de corrupção.
No primeiro turno neste domingo, Wilson Santos contabilizou 28,40% e Procurador Mauro teve 24,84%. O ex-juiz Julier Sebastião (PDT), que ao lado de Pedro Taques foi responsável por levar o temido Comendador Arcanjo para a cadeia, estreou na política nesta disputa municipal, mas teve apenas 8,11%. A ex-senadora petista Serys Slhessarenko (PRB) contabilizou somente 3,22% e terminou a disputa na quinta colocação. O historiador Renato Santtana (Rede), neófito em eleições, teve 1,27% dos votos. Entre os eleitores, 4,28% votaram em branco e 9,37% anularam o voto. O índice de abstenção chegou a 19,92%.