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Cabral cita ‘tratos’ com ministros do STJ e diz: ‘corrupção é uma praga’

Questionado por juiz sobre impacto dos desvios na atual situação fiscal do estado, o emedebista afirmou que 'cada real pode salvar uma vida'

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 abr 2019, 23h45 - Publicado em 5 abr 2019, 21h52
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  • No depoimento em que confessou mais uma série de crimes ao juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelos processos da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira, 4, o ex-governador Sérgio Cabral (MDB) disse ter sido “achacado por parlamentares federais” e “feito tratos” com ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal de Contas da União (TCU).

    Cabral não entrou em detalhes, porque a primeira instância não tem competência para apurar supostos crimes de pessoas com foro privilegiado, mas disse estar à disposição do Ministério Público Federal (MPF) para tratar do assunto.

    “Eu fui achacado por parlamentares federais, tive que fazer tratos com ministros do TCU e do STJ, que eu me coloco à disposição da procuradoria e do Ministério Público. Tive que fazer, organizar, deputados e senadores, enfim, tive que atender a presidente da República para beneficiar pessoas, tive que fazer uma série de coisas”, declarou Sérgio Cabral.

    Em outro momento, ele afirmou que ajudou “o entendimento de uma empreiteira com o Judiciário”.

    O depoimento desta sexta, um reinterrogatório, foi feito a pedido do próprio Cabral em uma ação penal que apura o pagamento de propina por empresas de ônibus durante seus governos. Na primeira oitiva, Cabral se manteve em silêncio. Preso desde novembro de 2016 e condenado a quase 200 anos de prisão, o emedebista mudou de advogado e passou a colaborar com a Justiça, confessando crimes

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    Questionado por Bretas diversas vezes sobre os desdobramentos do esquema de corrupção que comandou no governo do Rio, Cabral disse que “capitulou”, que “a corrupção é uma praga, a corrupção prejudica” e que, diante da atual situação fiscal do estado, “cada real pode salvar uma vida”. Hoje o ex-governador afirma que o ideal seria haver uma Lava Jato em cada estado.

    “Quando o senhor [Bretas] diz nas decisões que a corrupção prejudicou o Rio de Janeiro, não tenho a menor dúvida, é uma pena que não se tenha Lava Jatos e pessoas como o senhor e o doutor Leonardo [Cardoso, procurador do MPF] em todos os estados do Brasil, porque o que aconteceu no Rio de Janeiro aconteceu com certeza em todos os estados da federação”, declarou.

    Indagado pelo juiz sobre se teria algum conselho aos políticos, Sérgio Cabral pregou atenção à separação dos interesses público e privado. “Não cometam os erros da minha geração. Você começa com um desempenho político de expressão, passa a ter ao seu lado empresários desejosos dos seus interesses, a princípio legítimos, e a fronteira entre o legitimo e o ilegítimo vai se perdendo e você vai fragilizando seu conceito ético, seu conceito de regras e princípios. Foi isso que ocorreu comigo. Eu me sentia… ‘Bom, eu estou dobrando o metrô de extensão, por que não receber um recurso para mim e para meus companheiros e para a política? Eu estou fazendo o bilhete intermunicipal, por que não?’”, relatou.

    “Andar na linha é muito melhor porque você dorme com tranquilidade. Eu não correspondi as expectativas da população em relação a isso”, completou.

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