Em culto na Câmara dos Deputados promovido pela Frente Parlamentar Evangélica, o presidente Jair Bolsonaro declarou nesta quarta-feira que indicará um ministro do Supremo Tribunal Federal que “seja terrivelmente evangélico”, fazendo referência à expressão dita pela ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves.
“O estado é laico, mas nós somos cristãos. Ou, para plagiar a minha querida Damares, nós somos terrivelmente cristãos. E esse espírito deve estar presente em todos os poderes. Por isso, o meu compromisso: poderei indicar dois ministros para o Supremo Tribunal Federal. Um deles será terrivelmente evangélico”, afirmou o presidente.
A indicação de um jurista evangélico na mais alta corte judiciária do país é um dos principais pleitos da bancada evangélica, que constantemente se diz desprestigiada por não ter nenhum seguidor da religião entre os onze ministros do STF. Nos últimos anos, os políticos evangélicos passaram a criticar duramente o STF por decisões que tratavam de costumes morais, como o reconhecimento da união homoafetiva e a equiparação do crime de homofobia ao de racismo. “No somatório final vocês tem um superávit enorme junto à sociedade”, completou Bolsonaro.
O público evangélico teve peso significativo na eleição de Bolsonaro e é um dos pilares que mantém a sua popularidade em 33% – índice mais baixo dos ex-presidentes em primeiro mandato desde a redemocratização. Segundo a última pesquisa Datafolha, 41% dos evangélicos consideram o seu governo bom ou ótimo, ante 30% dos católicos e 25% dos sem religião. “No somatório final vocês tem um superávit enorme junto à sociedade”, completou o presidente.
Esta não é a primeira vez que Bolsonaro diz que optará pelo nome de um evangélico para o STF. No fim de maio, na Convenção Nacional das Assembleias de Deus, em Goiânia, Bolsonaro questionou se não havia chegado a hora de se ter um ministro evangélico no STF. Entre os parlamentares da bancada religiosa, já circulam alguns nomes como preferidos, como os juízes federais Marcelo Bretas e William Douglas. O primeiro conduz a Lava Jato no Rio de Janeiro. E o segundo é autor de best-sellers sobre concursos públicos e de auto ajuda cristão.
O culto foi realizado no auditório Nereu Ramos, onde também foi celebrada a “santa ceia”. Copos de suco de uva e pedaços de pão foram distribuídos entre os políticos religiosos e seus assessores e cônjuges como símbolo do corpo de Cristo. “Tenho certeza que com o pensamento no bem, no próximo e naquele que nos deu a vida nós daremos a devida satisfação a esses brasileiros que nos colocaram nessa Casa”, disse o presidente, que se considera católico, mas cuja mulher e filhos se declaram evangélicos.