Bolsonaro já implicou com artista e – de novo – pediu socorro ao TSE
Nas eleições de 2018, o então candidato do PSL acusou o cantor Roger Waters de fazer campanha para Fernando Haddad, seu rival
A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proibiu manifestações políticas durante os shows do festival Lollapalooza ampliou o histórico conflituoso do presidente Jair Bolsonaro com a classe artística e ressuscitou um expediente que o ex-capitão utiliza pelo menos desde 2018: recorrer à Justiça para barrar protestos que ele considera prejudiciais às suas candidaturas políticas.
Nas eleições daquele ano, a coligação de Bolsonaro acionou a Justiça Eleitoral para acusar o cantor Roger Waters, ex-integrante da banda Pink Floyd, de fazer propaganda irregular em favor de Fernando Haddad, o então candidato do PT à Presidência.
Durante sua turnê pelo Brasil, o artista realizou uma série de protestos contra Bolsonaro. A coligação do então candidato do PSL alegava que Waters veiculou em um telão a mensagem “#elenão”, utilizada por movimentos críticos ao hoje presidente, além de mencionar manifestações políticas diversas que ele fez em shows em Brasília e Minas Gerais. Na época, o TSE chegou a mandar que os produtores de Roger Water apresentassem a defesa na ação judicial. Em dezembro de 2020, no entanto, o plenário da Corte considerou a ação improcedente e, por unanimidade, encerrou o caso.
Neste fim de semana, atendendo a um pedido do PL, partido do presidente, o ministro Raul Araújo, do TSE, proibiu manifestações políticas durante as apresentações do Lollapalooza, uma atitude que, segundo a classe artística, significa censura.