Pré-candidato do PSL à Presidência da República nas eleições de 2018, o deputado federal Jair Bolsonaro (RJ) foi vaiado nesta quarta-feira 23, duas vezes durante sabatina na Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, organizada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Ele foi o primeiro dos pré-candidatos a ser hostilizado pela plateia, por ter dado respostas consideradas curtas e não se aprofundado no tema em debate.
Após a primeira vaia, ele perguntou: “É para mim ou pelo tempo?”, em referência ao fato de não ter usado os quatro minutos disponíveis para resposta. “Já estou satisfeito. Vamos para a próxima”, disse ao encerrar sua fala antes da hora.
Bolsonaro respondeu a questões da pauta municipalista – como repasses de verbas para saúde, educação e saneamento básico – e também se firmaria o compromisso de receber os representantes dos municípios a cada três meses.
Na segunda onda de vaias, ele subiu o tom de voz: “Quem tiver ideias, por favor, me procure. Não vim aqui para dizer que sou melhor do que os outros. Não tem solução fácil. Não tem espaço aqui para gente que, na base do grito e do gogó, diz que vai resolver”, disse.
O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, ponderou que Bolsonaro poderia virar presidente e que todos os partidos estavam representados no plenário — em referência aos prefeitos. “Vamos respeitar e evitar a intolerância”, disse.
Ao iniciar sua participação no palco, o deputado avisou que estava “segurando os ataques” que recebe desde que assumiu a pré-candidatura. Ele considera que a campanha será marcada por um “vale-tudo”. “Meu pavio foi curto no passado, cresceu agora”, disse o capitão da reserva do Exército.
Aos prefeitos, Bolsonaro sugeriu a extinção do Ministério das Cidades — “alvo de cobiças e luta fratricida dentro do Parlamento”, segundo ele. Ele propõe que o governo federal repasse os recursos diretamente para as prefeituras, sem intermediação da pasta. “Quero ficar sábado e domingo na praia. Se não desburocratizar e mandar o dinheiro direto para os senhores, isso não será possível”, disse o parlamentar.
Estado mínimo
O pré-candidato também disse que estuda com sua equipe econômica a hipótese de reduzir impostos, mesmo sabendo que os prefeitos vão “chiar”. “Aumentar impostos não passa pela minha cabeça”. Em seu discurso, o presidenciável foi enfático ao defender a criação de um “Estado enxuto”, o que, segundo ele, acarretaria em um país menos vulnerável à corrupção.
“O Brasil na questão da economia é um avião que está indo bater na montanha, algo tem que ser feito, não adianta querer salvar a União, o Estado ou o município quebrando o cidadão”, defendeu. O parlamentar também comentou que sua equipe trabalha em uma proposta de reforma da Previdência. Ele citou, por exemplo, maneiras de impedir que se incorpore ao salário remuneração por cargo em comissão, o que chamou de “indústria das incorporações”.
(com Estadão Conteúdo e Reuters)