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Bolsonarista diz fazer papel de “mendigo” ao pedir doações ao agronegócio

Secretário do Ministério da Agricultura postou áudio em grupo de WhatsApp com reclamações dirigidas a representantes do setor

Por Ricardo Chapola
Atualizado em 29 ago 2022, 20h20 - Publicado em 29 ago 2022, 17h10

Nome de confiança de Jair Bolsonaro, o secretário Especial de Assuntos Fundiários, Luiz Antonio Nabhan Garcia, divulgou um áudio em um grupo de agropecuaristas no WhatsApp no qual diz que trabalha “mendigando” dinheiro a representantes do setor, em apoio à candidatura à reeleição do presidente. Garcia, que diz na gravação ser parte do núcleo de campanha, atuou na captação de doações ao então candidato do PSL na disputa que o elegeu presidente há quatro anos. A secretaria que Garcia comanda está ligada ao Ministério de Agricultura. No áudio, ele também se queixa da falta de donativos.

“Está todo mundo achando que Bolsonaro vai ganhar no primeiro turno. Dizendo: ‘já ganhou, está tudo certo’.  Se não trabalhar para valer e se não estiver em cima, fazendo o que o presidente Bolsonaro fez, vocês vão ver onde vai parar a liberdade de vocês e onde vai parar as tralhas de vocês: fazenda, boi, soja, trator, a casa…. Vocês vão ver onde vai parar tudo isso. Eu sou chato, porque eu fico mendigando, eu fico criando encrenca com as pessoas”, disse Garcia na gravação de mais de 4 minutos a que VEJA teve acesso e que circulou pelo grupo de WhatsApp um dia depois do primeiro debate entre os presidenciáveis de 2022.

O secretário continua sua pregação político-financeira: “Campanha se faz com dinheiro. Foi-se o tempo em que se fazia campanha no blá blá blá. Hoje os tempos mudaram para pior, no sentido de que estão fazendo militância política dentro de tribunais. O coitado desse homem, que é um herói, lutou sozinho para chegar onde chegou. E luta sozinho para defender nossa liberdade. É por isso que fico mendigando mesmo”, complementou.

Em outro trecho da gravação, o secretário do Ministério da Agricultura explica o motivo de usar a expressão “mendigar”, ao reclamar de pessoas que prometem colaborar enviando recursos para a campanha e, ao cabo, não doam nada. “Uso essa palavra, porque muita gente que pode não ajuda. Se finge de surdo, de cego e de mudo para não ajudar. E depois dizer: ‘ajudei’. Aí você entra no site para ver quem ajudou e não tem nada lá”, explicou.

Mais adiante, no mesmo áudio, Garcia sugere certa urgência no apelo que faz aos colegas de grupo e afirma que doar para a campanha de Bolsonaro é “garantia de liberdade”.

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“Se tiver Lula como presidente da República, se tiver um cara de esquerda como presidente da República, acabou o Brasil, acabou a nossa geração, acabou a geração futura, acabou tudo. Acabou a nossa liberdade”, disparou. “Não é investimento doar para a campanha da reeleição do nosso presidente Bolsonaro. Isso é garantia de liberdade, isso é garantia de manter o nosso patrimônio”, acrescentou.

Dono de fazendas em São Paulo e no Mato Grosso do Sul, Garcia também usou a gravação para criticar o Judiciário. “Eu não sou obrigado a confiar no STF, nos membros do STF, nos membros do TSE. Confio na instituição. Mas não nas pessoas que estão lá. Vivo em um país livre graças a Bolsonaro. Mas eu não sou obrigado a confiar na urna eletrônica”, afirmou.

Garcia informou via assessoria de imprensa do ministério que a mensagem enviada por ele tem caráter privado e foi enviada por ele na qualidade de líder do agronegócio. Comunicou ainda que seu teor não tem relação com o cargo que ocupa no governo.

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