Em novo gesto para amenizar a crise interna no PSL, o presidente Jair Bolsonaro disse na tarde desta quarta-feira, 16, que “está tudo” certo com partido e que “se Deus quiser a gente vai resolver isso aí”. “O Brasil tá acima do nosso partido. Nosso partido é o Brasil”, afirmou. As declarações foram feitas após visita ao general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército e atual assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que deixou o hospital no último dia 12. Bolsonaro afirmou que conversa com Villas Bôas antes de tomar muitas decisões.
Bolsonaro voltou a repetir que o PSL deve se unir pela “transparência”. Na sexta-feira 11, parlamentares bolsonaristas assinaram um requerimento cobrando a prestação de contas do partido. Na avaliação dos apoiadores do presidente, a legenda apresenta suas finanças “de forma precária, sem a apresentação de documentos simples, de técnica contábil básica, como balanço anual de receitas e despesas” ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Não falo sobre PSL para evitar pingue-pongue. Se Deus quiser a gente vai resolver isso aí”, disse o presidente. Mais cedo, Bolsonaro havia dito que não pretende “tomar o partido de ninguém”. Apesar do aceno, Bolsonaro está decidido a deixar o PSL, conforme revelou VEJA. Aliados mais próximos ao presidente, inclusive, já estão cientes de sua decisão.
A operação de busca e apreensão deflagrada pela Polícia Federal, na terça-feira 15, em endereços ligados ao presidente do PSL, Luciano Bivar, no Recife, agravou a crise que envolve o partido de Bolsonaro e ameaça prejudicar o andamento de projetos de interesse do Palácio do Planalto no Congresso.
‘Dinheirinho para a campanha’
O deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) ironizou colegas de partido que têm articulado uma debandada da sigla, que passa por uma crise interna que opõe aliados de Bivar e Bolsonaro. “Eles querem sair, mas querem levar o fundo partidário, o dinheirinho para a campanha, o mandato. Adorei esse conservadorismo”, disse o parlamentar à Rádio Eldorado.
“O conservador tem que ser legalista. É um despreparo completo, eles não podem sair nessas condições que eles querem. É impossível. A lei é clara: ou espera uma janela partidária ou espera fusão de um partido com outro, ou seria expulso e brigaria na Justiça”, afirmou Tadeu.
Na terça-feira 15, mais um capítulo da crise foi escrito: o deputado Delegado Waldir, líder do PSL na Câmara, se uniu à oposição para tentar obstruir a medida provisória que trata sobre a reformulação da estrutura do Poder Executivo. A votação foi adiada por duas horas, mas a obstrução caiu. Deputados bolsonaristas iniciaram um movimento para destituir Waldir da função.
De acordo com Tadeu, a obstrução foi “uma saída regimental” utilizada por deputados do PSL para que pudessem continuar uma reunião que estava sendo realizada no gabinete da liderança em que se discutia a crise no partido.
“A obstrução foi feita porque todo nós estávamos na sala da liderança decidindo o que fazer com esse papelão que essa meia dúzia está fazendo e nós não poderíamos estar no Plenário, porque teve votação nominal”, disse. “É apenas uma estratégia de adiar. Tanto é que depois que acabou a reunião, todos nós fomos para o plenário e votamos 100%. É uma saída regimental para continuarmos a reunião.”
Tadeu condenou os ataques a Bivar, mas se definiu como “bolsonarista” e disse que não vê motivo para sair do partido. “Um grupo de deputados, de forma imatura, passou a fazer ataques ao presidente Luciano Bivar. Esse grupo se posicionou como bolsonarista numa infantilidade sem precedentes. Colocaram isso em todos os meios de comunicação. Isso causou esse eventual ‘racha’. Acusam quem não está com eles de não ser bolsonarista. Uma mentira.”
(com Estadão Conteúdo)