Após liminar do presidente do STJ, Fabrício Queiroz deixa a prisão no Rio
Ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro estava preso em Bangu 8 desde o dia 19 de junho, quando foi detido em Atibaia (SP)
O ex-policial militar Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), deixou a prisão em Bangu 8 na noite desta sexta-feira, 10, após uma liminar concedida pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, que concedeu a ele a prisão domiciliar. A saída da prisão foi confirmada pela Secretaria de Estado da Administração Penitenciária.
Queiroz estava preso desde o dia 19 de junho, quando foi detido em um endereço em Atibaia, interior de São Paulo, após ordem de prisão expedida pela Justiça do Rio no inquérito que investiga a suposta prática de rachadinha, desvio ilegal de dinheiro recebido por funcionários do gabinete de Flávio, quando este era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O imóvel onde ele foi encontrado pertence a Frederick Wassef, que era advogado de Flávio e do presidente Jair Bolsonaro.
A liminar concedida por Noronha também foi extensiva a Márcia Oliveira de Aguiar, esposta de Queiroz, que estava foragida desde então.
O ex-assessor do hoje senador Flávio Bolsonaro é apontado pelas investigações como operador financeiro do esquema. Segundo as apurações que levaram à sua prisão, passaram pelas contas de Queiroz entre 2007 e 2018 2 milhões de reais. Ele pagou despesas de Flávio Bolsonaro, como mensalidades escolares das filhas, e fez um depósito de 25.000 reais na conta da mulher do senador, Fernanda Antunes Bolsonaro.
Para o ex-desembargador e jurista Walter Maierovitch, especialista em crime organizado, o entendimento de Noronha “gera espanto”, é “extremamente chocante” e “péssimo” para a imagem do Judiciário.
“Para a imagem ficou muito ruim, é extremamente chocante, parece que a Têmis [símbolo da Justiça] tira a venda dos olhos, joga a balança e a espada fora e vai rodar bolsinha em Rio das Pedras [bairro carioca que tem atuação de milicianos ligados a Queiroz]. É péssimo para a imagem, existe nesse contexto uma imagem negativa do João Otávio Noronha, Bolsonaro disse que teve por ele um ‘amor à primeira vista’”, diz Maierovitch, se referindo a declaração dada pelo presidente Jair Bolsonaro numa solenidade no Palácio do Planalto, quando Noronha estava presente.