Miranda pedirá investigação da PF após espionagem de bolsonaristas
Deputado que, ao lado do irmão revelou na CPI suspeitas nas negociações para a compra da vacina Covaxin, foi seguido e filmado pessoas aliadas do presidente
Na edição que chega neste fim de semana às bancas e plataformas digitais, VEJA revela o lado B da CPI da Pandemia, onde conchavos, intrigas e espionagem disputavam lugar, longe dos holofotes, com a investigação sobre a tragédia sanitária e o desastre do governo Bolsonaro no enfrentamento do vírus. Em um dos casos, o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), que ao lado do irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, denunciou as nebulosas negociações de compra da vacina Covaxin, passou a ser seguido e filmado por bolsonaristas.
Postados em pontos estratégicos do Congresso e em locais frequentados pelo deputado, eles registraram em vídeo a chegada do parlamentar em reuniões para tentar comprovar que, longe de revelar informações de interesse de um país que perdeu mais de 600.000 dos seus para a pandemia, Miranda estava conspirando com os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, e Omar Aziz (PSD-AM), presidente da comissão, para derrubar o governo.
Após o caso vir à tona, o deputado negou relação com Calheiros e Aziz e declarou que só os conheceu às vésperas do depoimento na CPI. A VEJA ele disse que vai acionar a Polícia Federal para investigar a arapongagem de que foi alvo e afirmou que a iniciativa de pessoas não identificadas de o seguir pode ter partido do próprio Jair Bolsonaro. Luís Miranda, que no final do mês de março se reuniu com o presidente para relatar irregularidades nas negociações da Covaxin, avaliou ainda que, se o inteiro teor do diálogo viesse à tona, não teria dúvidas de que seria aberto o impeachment contra o ex-capitão.
“Irei entrar com um pedido de investigação por parte da Polícia Federal para saber se eu fui grampeado de forma ilegal, espionado de forma ilegal e até se estavam pretendendo fazer algum mal ou até tirar a minha vida para impedir que eu falasse a verdade. O presidente sabe o que ele falou para mim. A espionagem só mostra que o presidente desde o início estava tentando encobrir algo que ele sempre teve conhecimento que ocorria dentro do Ministério da Saúde. Se saiu do próprio presidente da República a autorização para espionar a testemunha, ele é cúmplice de todos os crimes que nós sabemos que ocorreram no caso Covaxin e no Ministério da Saúde”, disse Miranda a VEJA.
“E covarde, porque ele sabe o que falou para mim e sabe o que eu levei para ele. E ele sabe que se viesse a público detalhadamente a forma como ele adjetivou as pessoas com quem hoje ele anda ombradamente ele seria sofreria processo de impeachment no dia seguinte”, completou.