Clique e Assine VEJA por R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Após divergências, ex-chefe do Exército defende general alvo de Moraes

O ex-comandante Freire Gomes e o general Theophilo entraram em contradição ao narrarem à PF seus encontros com o ex-presidente Jair Bolsonaro após as eleições

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 jul 2024, 10h09

Considerado uma peça-chave na investigação que apura o preparo de um suposto golpe após a eleição de 2022, o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes submergiu desde o fim do governo de Jair Bolsonaro.

Vivendo entre Brasília e Fortaleza, o general sumiu dos holofotes, afastou-se de diversos militares e evitou aparições públicas. Uma das poucas manifestações conhecidas é seu depoimento à Polícia Federal, prestado em março deste ano, no qual confirmou que Bolsonaro apresentou aos militares soluções, como a decretação de Garantia da Lei e da Ordem e do Estado de Sítio, para tentar reverter a vitória de Lula.

O general disse aos investigadores que, enquanto chefe do Exército, repudiou qualquer ato de ruptura institucional e alertou o então presidente que ele poderia ser responsabilizado penalmente caso insistisse com a ideia.

Desde então, Freire Gomes voltou a manter-se discreto e evitou novas declarações públicas. Ele quebrou o silêncio, porém, para sair em defesa de um general do Alto Comando que, em depoimento, contrariou alguma de suas declarações feitas à Polícia Federal – os posicionamentos divergentes eram relativos, principalmente, aos encontros com Bolsonaro enquanto ele planejava virar a mesa.

O ‘testemunho’ de Freire Gomes

VEJA teve acesso a um “testemunho” do ex-comandante do Exército no qual ele sai em defesa do general Estevam Theophilo, que chefiou o Comando de Operações Terrestres (Coter) até o fim de 2023 e, nessa função, era responsável por elaborar planejamentos e indicar o emprego de tropas militares.

Continua após a publicidade

Mensagens encontradas pela PF no celular do ex-ajudante de ordens Mauro Cid apontaram que o general Theophilo esteve ao menos três vezes no Palácio da Alvorada em reuniões com o ex-presidente Jair Bolsonaro após as eleições. A polícia investiga se, nesses encontros, o general se comprometeu a garantir o apoio militar em uma ação para reverter o resultado eleitoral. Ao mesmo tempo em que ocorria uma das reuniões entre o general e o ex-presidente, Cid relatou a um amigo que Theophilo queria “fazer”, “mas desde que o presidente assine”.

No manifesto anexado ao inquérito comandado pelo ministro Alexandre de Moraes, o general Freire Gomes registrou conhecer o militar desde criança e disse que, quando o comandou, atestou a “camaradagem, franqueza, lealdade, correção de atitudes, discrição, compromisso com a verdade e disciplinas hierárquica e intelectual” do ex-chefe do Coter.

“Cabe destacar que o Gen Theóphilo sempre esteve voltado inteiramente à atividade militar. Seu assessoramento a este então comandante foi basicamente em aspectos relacionados com as atividades da caserna, abstendo-se de aspectos políticos ou assemelhados. Seu equilíbrio emocional e comprometimento, em bem assessorar o Comando do Exército, foram preponderantes para o sucesso das atividades operacionais que ocorreram sem maiores incidentes ao longo do período”, acrescentou Freire Gomes.

O ex-comandante encerra o documento ressaltando que o perfil e histórico militares de Theophilo são “irretocáveis” e “comprometidos”. No texto, ele diz que faz o testemunho a atendendo a uma solicitação da defesa do general, mas de forma voluntária.

Continua após a publicidade

As contradições entre os generais

O gesto de Freire Gomes chama atenção porque ele e o general Theophilo entraram em contradição durante depoimento à PF.

O ex-comandante afirmou que não ordenou que seu subordinado fosse ao Palácio da Alvorada se encontrar com Bolsonaro e disse até ter ficado “desconfortável” com a ida dele, dado o conteúdo que fora apresentado pelo então presidente a ele e aos demais comandantes em reuniões anteriores.

Freire Gomes afirmou ainda que não se recordava se o então chefe do Coter havia lhe relatado o conteúdo da conversa com Bolsonaro.

Já o general Theophilo relatou que esteve três vezes no Alvorada após as eleições a pedido de Freire Gomes – duas acompanhado do seu então comandante e uma sozinho, mas por ordem dele. Segundo o militar, neste encontro a sós com Bolsonaro o então presidente fez “lamentações” sobre o resultado das eleições. Ele contou ainda que, após o encontro, foi até a casa de Freire Gomes relatar a conversa.

Continua após a publicidade

A PF apura as versões contraditórias sobre as reuniões com Bolsonaro.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.