Pesquisa divulgada pelo Movimento Transparência Partidária (MTP) revela há apenas dois partidos com maioria de mulheres. No Partido da Mulher Brasileira (PMB), o percentual de filiadas não passa de 55%. No Partido Republicano Brasileiro (PRB), elas participam com 51%. A grande maioria dos partidos tem entre 40% e 46% de mulheres.
“Na lanterna, infelizmente, dois partidos recentes: a Rede, com 63% de homens, e o Partido Novo, com 86% de homens”, conta o cientista político Marcelo Issa, professor da Fundação Getulio Vargas. A quantidade de mulheres em cargos de direção partidária também é baixa: fica, nacionalmente, na casa dos 20%.
Com base nos diretórios executivos nacionais das 35 agremiações partidárias, nos últimos dez anos verificou-se que 75% dos dirigentes nacionais são os mesmos há, pelo menos, dez anos. Segundo o cientista político, este quadro dificulta a renovação e a mudança do cenário.
Entre os 190 países que informaram à organização global Inter-Parliamentary Union (IPR) o percentual de cadeiras nas câmaras de deputados ocupadas por mulheres em exercício em dezembro de 2017, o Brasil aparece com 10,5%, pior resultado entre os países sul-americanos, e na 152ª posição no ranking mundial.
Hoje, a Lei 9.504/1997 estabelece que cada partido ou coligação deve conter no mínimo 30% e, no máximo, 70% de suas vagas para candidatura de cada sexo. “No entanto, muitos partidos burlam essa regra, lançam candidaturas fantasmas, mulheres que recebem pouquíssimo ou nenhum voto, de modo que se coloca a discussão da cota dentro do parlamento”.
Issa lembra que existe atualmente discussão relativa à cota dentro do parlamento. Mas, na sua avaliação essa medida exige uma discussão sobre a equidade na distribuição dos recursos que os partidos destinam para as candidaturas, que acaba por privilegiar candidaturas masculinas.
O desequilíbrio se repete do lado das eleitoras que se filiam a partidos políticos. De acordo com a pesquisa, feita pela Pulso Público para o MTP, de cada dez eleitores filiados a partidos políticos somente quatro são do sexo feminino. A pesquisa revela, ainda, que o crescimento de eleitores filiados às siglas passou de 8,4% para 11,4% no período de 2009 a 2017, englobando homens e mulheres.
Nos últimos dez anos, a participação feminina se mantém em torno de 40%. “Está estagnada. Embora tenha um crescimento em termos absolutos, o crescimento relativo não corresponde. A expansão dos homens filiados ocorreu na mesma proporção”, destacou.
(com Agência Brasil)