O candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, votou por volta das 9h15 deste domingo, 7, levando consigo a neta Maria Clara. Ele chegou à seção eleitoral no centro de Fortaleza acompanhado do governador Camilo Santana (PT-CE), seu irmão Cid Gomes, candidato ao Senado pelo PDT, e sua mulher, Giselle Bezerra.
Ciro brincou que, na Nova Zelândia e na Austrália, onde o pleito já ocorreu, por causa do fuso horário, ele ficou em segundo lugar. Em Xangai, na China, o candidato ficou em terceiro lugar, com dezesseis dos 175 votos válidos.
Ciro encerrou sua campanha na noite de ontem em Sobral, no Ceará, seu reduto eleitoral. Cercado por uma multidão, em desfile em carro aberto, ele mostrou-se otimista em disputar o segundo turno com o candidato do PSL. “Eu sou o único que pode vencer (Jair) Bolsonaro no segundo turno, porque tenho o projeto mais consistente”, disse.
Candidato
Esta não será a primeira nem a segunda vez que o nome do cearense Ciro Ferreira Gomes, de 60 anos, estará nas urnas como candidato à Presidência da República. Terceiro colocado em 1998 e quarto em 2002, ele se esforçou para não ser mais visto como o político explosivo e verborrágico que há dezesseis anos chegou a disputar a liderança das pesquisas, mas despencou após uma sequência de trapalhadas e crises de nervos.
Nesta década e meia, Ciro Gomes foi ministro da Integração Nacional (no governo Lula), deputado federal e palestrante no Brasil e no exterior, além de ter fortalecido seu domínio na política local do Ceará, estado que, nas últimas três eleições, conferiu dois mandatos de governador a seu irmão Cid e outro a um afilhado político, o governador Camilo Santana (PT). Ele ainda mudou três vezes de partido: passou para o PSB em 2003 e para o Pros em 2013, até chegar, em 2015, ao PDT, partido que embarcou em suas aspirações presidenciais.
Se em 2002 sua trajetória durante a campanha foi de oscilação, neste ano ela tem sido rigorosamente constante – até demais. Ciro se manteve na faixa de 10% a 15% das intenções de voto, firme mesmo com o crescimento de Jair Bolsonaro (PSL) e a entrada de Fernando Haddad (PT) na disputa. Agora, seu desafio é mostrar que pode ir além disso.
Para chegar lá, tenta se apresentar como a “terceira via”, uma opção que ao mesmo tempo sirva para “quem vota no PT contra o Bolsonaro” e para “quem vota no Bolsonaro contra o PT”. No horário eleitoral, diz que não é “petista e nem antipetista”. Se conseguir, este será um feito inédito: desde 1994, a polarização entre candidatos à direita e à esquerda ocupa o imaginário do eleitor brasileiro, mesmo que, neste ano, o PSDB tenha perdido o reinado entre os antipetistas para Bolsonaro.
Para se vender aos extremos, Ciro aposta nas pesquisas de opinião e em uma trajetória marcada sem grande radicalismos. Com frequência, cita números de institutos para dizer a um lado que é ele o mais capaz para vencer o outro, já que as projeções para um segundo turno entre o candidato do PSL e Haddad mostra os líderes empatados tecnicamente nas simulações dos principais institutos. Resta saber se seus argumentos serão fortes o bastante para provocar uma onda – “o tsunami Ciro”, como seus apoiadores dizem nas redes sociais – que o permita superar Haddad na reta final e chegar ao segundo turno.
Nas últimas pesquisas, divulgadas neste sábado (6), Ciro continua distante do petista. No Datafolha, ele tem 15% dos votos válidos, contra 25% de Haddad – Bolsonaro lidera com 40%. Já no levantamento do Ibope, ele aparece com 13%, enquanto Haddad tem os mesmos 25% – Bolsonaro lidera com 41%.
Nas simulações de segundo turno, ele realmente aparece como o candidato que daria mais trabalho a Bolsonaro: no Ibope aparece com 45% ,contra 41% do capitão do Exército (empatados dentro da margem de erro), enquanto no Datafolha ele tem 47% contra 43% do rival.
(Com Estadão Conteúdo)