O ministro da Defesa, Celso Amorim, reconheceu nesta quarta-feira que o sistema de defesa cibernética brasileiro é vulnerável a ataques e disse que o país ainda está na “infância” do desenvolvimento de tecnologias que possam impedir episódios como o monitoramento de e-mails e telefonemas por parte do governo americano, revelado no final de semana pelo jornal O Globo. Amorim participou de uma audiência pública sobre o caso na Comissão de Relações Exteriores do Senado, ao lado dos titulares das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e do Gabinete de Segurança Institucional, José Elito Siqueira.
“Não estamos ainda nem na adolescência, estamos na infância em relação a muitos desses temas. E as vulnerabilidades existem e são muitas”, afirmou Amorim. O ministro disse que o Orçamento de 2013 prevê pouco menos de 100 milhões de reais para o desenvolvimento de mecanismos que impeçam ataques cibernéticos. “O que precisa ser feito é muito mais do que nos estamos fazendo ainda. Isso envolve recursos”, disse.
O ministro lembrou ainda que o desenvolvimento de tecnologias próprias é essencial para o fortalecimento das defesas brasileiras contra ataques cibernéticos. “Não basta nós termos uma disposição de fazer a defesa das nossas estruturas, é necessário que tenhamos equipamentos e softwares produzidos no Brasil com a segurança adequada”, disse Amorim.
O general José Elito afirmou que o sistema funciona de forma “razoável”, mas também disse que os investimentos estão aquém do necessário. Ele disse ainda que as revelações feitas por Edward Snowden, ex-agente americano, não foram recebidas com total surpresa: “Isto não é desconhecido, é um dos cenários prioritários de acompanhamento de todo o sistema. O novo é que a notícia foi uma informação divulgada por um agente do próprio sistema americano”, disse o ministro.
Já o chanceler Antonio Patriota afirmou que o governo vai buscar soluções para o caso em organismos internacionais. “Estão em jogo a soberania do Brasil e o respeito à nossa legislação dentro do nosso território.”
Embaixada – Após a audiência pública, que durou cerca de quatro horas, o ministro Patriota disse que o governo brasileiro não considera suficiente a resposta apresentada pelo embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon: para o chanceler, os esclarecimentos “não foram satisfatórios até agora”.
Patriota também não descartou que Edward Sonnen seja ouvido pelo governo brasileiro. “Isso é uma decisão que vai ser feita pela Justiça como e quando são ouvidos os diferentes atores que podem proporcionar elementos importantes desta questão”, disse ele.
Os três ministros se reuniram na manhã desta quarta-feira com a presidente Dilma Rousseff e os responsáveis pelas pastas da Justiça, José Eduardo Cardozo, e das Comunicações, Paulo Bernardo. O encontro terminou sem o anúncio de medidas concretas.
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