Em uma reação imediata, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e seus aliados preparam um contra-ataque à investida do Planalto de buscar deputados governistas para tentarem resgatar o cargo de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) como líder do PMDB. De acordo com o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), a presidente Dilma Rousseff chegou a ligar para o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, pedindo para que parlamentares do PR migrassem para o PMDB a fim de somarem-se à bancada de apoio, e, assim, conseguirem atingir o número mínimo de assinaturas para recuperar a liderança de Picciani.
A estratégia de Cunha e sua tropa é dificultar a adesão de novos peemedebistas e aprovar uma regra que determina que a filiação ao partido tem de ser chancelada por decisão da Executiva Nacional – hoje comandada pelo vice-presidente Michel Temer, que, nos bastidores, entrou em campo para a substituição de Picciani pelo deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG). De acordo com o estatuto da legenda, a autorização atualmente fica a cargo da esfera municipal.
O interesse do Planalto com o retorno do governista é explícito: Leonardo Picciani tem atuado ativamente para ajudar o governo e salvar o mandato de Dilma. Ele foi destituído após alocar na comissão que vai analisar o processo de impeachment somente peemedebistas contrários ao afastamento da presidente. Agora, conta com o governo para encontrar saídas de garantir um reforço e conseguir o aval de metade da bancada para voltar à liderança.
“Querem transformar o ‘M’ do PMDB, que significa movimento, em ‘M’ de motel. Partido do motel brasileiro, uma legenda com alta rotatividade”, ironizou Lúcio Vieira Lima. “Dessa forma, a imagem do PMDB como um puxadinho do Planalto vai se consolidar”, continuou .
Entre os deputados apontados como possíveis novos peemedebistas está Altineu Côrtes (PR-RJ), amigo de Jorge Picciani, pai do agora ex-líder e um dos principais caciques do PMDB fluminense. Ao site de VEJA, ele confirmou a intenção de trocar de partido, mas negou que a mudança seja apenas para salvar Leonardo Picciani e que tenha sido pressionado pelo Planalto. “Eu já fui do PMDB e já havia uma conversa de retornar ao partido. Apoio o Picciani na liderança, mas não estou indo em função disso”, afirmou.
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