A suspeita que está na raiz da queda do comandante do Exército
Autoridades ligadas a Lula suspeitam que militares golpistas e parentes foram retirados das cercanias do QG do Exército antes de a polícia agir no local

Poucas horas após a quebradeira na Praça das Três Poderes, Ricardo Cappelli, designado pelo governo federal interventor na segurança pública do Distrito Federal, quis desmontar ainda na noite do fatídico dia 8 de janeiro o acampamento bolsonarista próximo ao quartel-general do Exército. Chegando ao local acompanhado de um pelotão da Polícia Militar, ele se deparou com veículos blindados cercando a área e não foi autorizado a entrar.
Diante do impasse, foi improvisada uma reunião no estacionamento de uma igreja próxima. Lá, o comandante militar do Planalto, general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, disse com todas as letras a Capelli que não permitiria a entrada da polícia e alertou para o risco de “derramamento de sangue” caso sua posição não prevalecesse. Ficou combinado, então, que a retirada dos militantes ocorreria na manhã seguinte, como de fato aconteceu.
Até agora, não há detalhes sobre o que houve no acampamento durante a madrugada — e, portanto, antes de sua desmobilização. Em conversas reservadas, autoridades da confiança do presidente Lula têm espalhado a seguinte versão: militares e seus parentes que estavam no acampamento após a invasão e a depredação do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal foram resgatados nessas últimas horas sob proteção do Exército, como forma de fugir de constrangimentos e eventuais punições.
Não há um caso conhecido que comprove essa suspeita, mas esse é um dos motivos apontados nos bastidores para a queda do comandante do Exército, general Júlio Cesar Arruda, demitido neste sábado pelo presidente da República. Para reforçá-la, aliados de Lula lembram que a esposa do general Villas Bôas, ex-comandante do Exército e notório bolsonarista, frequentou o acampamento no fim de dezembro, quando tirou fotos e gravou vídeos com radicais.