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A estratégia que resta a Bolsonaro: manter o estado de guerra permanente

Presidente radicaliza a fim de manter seu núcleo mais fiel de apoio, que tem lhe garantido segundo lugar nas pesquisas e proteção contra o impeachment

Por Daniel Pereira Atualizado em 21 ago 2021, 17h42 - Publicado em 21 ago 2021, 12h21

Na tradicional live de quinta-feira, Jair Bolsonaro não reforçou a sua cruzada retórica contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, a quem responsabiliza pela rejeição da proposta de emenda constitucional que instituía o voto impresso e também pelo fato de ele ter passado à condição de investigado no inquérito das Fake News em tramitação no STF. Apesar daquela trégua momentânea, até os bombeiros escalados pelo Palácio do Planalto para negociar um acordo de paz com a cúpula do Poder Judiciário não acreditam que o presidente se renderá finalmente à moderação.

Primeiro, porque Bolsonaro aposta no confronto e testa os limites das instituições desde o início de seu mandato. Essa é a essência de sua estratégia política — e foi com ela que o ex-capitão ascendeu do baixo clero da Câmara à Presidência da República. Segundo, porque Bolsonaro sempre seguiu a seguinte lógica: quanto mais fraco está, mais agressivo fica. E Bolsonaro nunca esteve tão fragilizado. Setores importantes do PIB, que foram determinantes para a sua vitória em 2018, estão desembarcando do governo. Segundo as pesquisas, o apoio popular ao presidente e à sua administração estão derretendo desde o fim do ano passado.

Um levantamento encomendado pela XP mostrou que a reprovação ao governo subiu para 54%, enquanto a aprovação caiu para 23%. Uma estimativa dimensiona o tamanho da erosão: o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, costuma dizer que Bolsonaro precisa de pelo menos 40% de aprovação para ter chances de ser reeleito. Hoje, o presidente perde de todos os adversários nas simulações de segundo turno, conforme a sondagem da XP. Uma reportagem da nova edição de VEJA mostra que Ciro Nogueira e outros assessores presidenciais estão tentando costurar um armistício com o Judiciário e o Legislativo enquanto Bolsonaro ataca ministros do STF e pressiona parlamentares.

Em suas missões de paz, Ciro Nogueira e companhia alegam que o presidente não tem pretensões golpistas e que suas declarações de guerra têm o objetivo apenas de manter a sua base de apoio mais fiel arregimentada. Nada além disso. Apesar da queda nas pesquisas, Bolsonaro ainda tem apoio popular que lhe assegura certa proteção contra pedidos de impeachment e que, se a eleição presidencial fosse hoje, lhe garantiria uma vaga no segundo turno. A ação dos bombeiros palacianos produziu alguns efeitos temporários. Exemplo: perdeu força na CPI da Pandemia a ideia de convocar o ministro da Defesa, general Braga Netto, e de reconvocar o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.

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A dificuldade dos bombeiros está no fato de eles — por mais que trabalhem e recorram ao diálogo — não conseguirem conter o responsável pelos incêndios. Bolsonaro sempre elege um inimigo de ocasião, parte para o ataque com o auxílio de sua milícia digital e mergulha o país na crise da vez. De uma semana para a outra, só muda o motivo alegado para a briga. Já foi a pandemia. Já foi o voto impresso. Agora, são as decisões da dupla Barroso e Moraes. Logo, haverá um outro inimigo real ou imaginário a ser batido. O importante é manter o estado de beligerância e a fantasia segundo a qual o presidente não tem descanso em sua luta contra o sistema. “Estamos gastando energia enxugando gelo. Quem briga não constrói”, resumiu um ministro do STF a VEJA. Ele tem razão. Na sexta-feira, Bolsonaro suspendeu a trégua momentânea e apresentou ao Senado o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes.

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