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A apreensão do PT com o pacote bilionário de Bolsonaro

Preocupados com a possibilidade de recuperação do rival, Lula e aliados se preparam desde já para uma disputa em dois turnos

Por Daniel Pereira Atualizado em 4 jul 2022, 06h38 - Publicado em 3 jul 2022, 12h13

O PT não fez oposição até agora ao pacote bilionário lançado por Bolsonaro a fim de turbinar a sua campanha à releição. O partido achou melhor não contestar as medidas anunciadas pelo presidente porque elas, na prática, repassam recursos a nichos do eleitorado que enfrentam dificuldades para pagar as suas contas. O próprio aumento do valor do Auxílio Brasil de 400 reais para 600 reais, que deve ser oficializado em breve, era defendido pelos petistas desde o ano passado como forma de desgastar e pressionar o mandatário.

De mãos atadas, restou à legenda chamar o pacote de “ato de desespero” e coisas do tipo, sem entrar no mérito do que foi feito. “O que o Bolsonaro sabe é que o problema dele não é urna eletrônica, o problema dele chama-se povo brasileiro. É por isso que ontem ele mandou várias medidas para dar dinheiro, aumentar auxílio emergencial, aumentar vale-gás, auxílio para motoristas. Tudo bem, acho que o povo tinha que pegar o dinheiro”, declarou Lula numa entrevista a rádio na sexta-feira, 1. “Mas não é isso que resolve o problema, porque tudo isso vai acabar em dezembro. Na verdade, o projeto que ele mandou é um projeto eleitoral. Ele acha que pode comprar o povo”, acrescentou o ex-presidente.

Há entre os petistas o temor de que o pacote ajude Bolsonaro a ganhar terreno entre os eleitores mais pobres e as mulheres, que até aqui dão larga vantagem a Lula. O partido insistirá na campanha na tese de que Bolsonaro não é a solução para os problemas econômicos, mas a causa deles, e que estaria agora abrindo os cofres numa tentativa derradeira de atenuar um sofrimento do qual seria responsável. “É um ato de desespero de quem já se mostrou fracassado para enfrentar a insegurança alimentar, o aumento da pobreza no país e as incertezas econômicas”, diz o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP).

Se não pode falar mal do pacote para o grande público, o PT pretende usá-lo como arma para criticar Bolsonaro entre investidores e empresários. Alegará que a iniciativa é irresponsável do ponto de vista fiscal e gera mais expectativa inflacionária e de juros altos. “Há um mês, quando o Paulo Guedes falava que ia privatizar a Eletrobras, em nenhum momento ele falou que ia queimar todo o dinheiro que o Tesouro recebeu pela venda das ações, como o Bolsonaro quer fazer na véspera da eleição”, declara Padilha, que é um importante interlocutor do partido nas conversas com investidores e empresários.

Os petistas podem até convencer setores da elite financeira e empresarial, mas sabem que o que realmente importa são os reflexos do pacote de Bolsonaro na base da pirâmide. Há preocupação com a possibilidade de o ex-capitão recuperar popularidade como ocorreu quando desembolsou o auxílio emergencial. Até por isso, Lula e seus aliados estão se preparando, desde já, para uma disputa em dois turnos — uma disputa bem mais acirrada do que sugerem, até aqui, as pesquisas.

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