Duas equipes de cientistas dos Estados Unidos descobriram, com ajuda dos telescópios da NASA, o inesperado: um dos maiores asteróides do sistema solar, chamado Themis 24, está quase todo coberto por gelo. Themis 24 está localizado entre as órbitas de Marte e Júpiter, descoberto por um astrônomo italiano em 1853 e possui cerca de 160 quilômetros de diâmetro. Em outubro de 2009 a NASA conseguiu confirmar a presença de água nesse asteróide, mas não se sabia em que quantidade e em quais regiões ela se encontrava. De acordo com pesquisa divulgada nesta quarta-feira pela revista Nature, só agora os pesquisadores conseguiram informações sobre a enorme quantidade de gelo no Themis 24.
Os pesquisadores analisaram a luz do Sol refletida pela superfície do gigante corpo espacial. Nem todas as partes do espectro de luz são refletidas igualmente. Dependendo da composição do material presente na superfície do asteroide, a luz é absorvida com maior ou menor intensidade. Com isso, os cientistas podem analisar padrões de absorção de luz catalogados na Terra, para diferentes tipos de materiais, incluindo o gelo. Foi assim que as duas equipes descobriram que grande parte da superfície do asteroide está coberta por uma fina camada de gelo e outros componentes orgânicos que podem estar relacionados às origens do sistema solar.
A temperatura média na região do cinturão de asteroides do sistema solar é de -100º C. A essa distância, o Sol já teria sublimado a água do Themis 24 em apenas alguns anos, ao contrário dos bilhões de anos de existência do asteróide. A primeira pergunta dos cientistas foi: de onde veio esse gelo então? As duas equipes acreditam que a água se encontra dentro do asteroide em forma de vapor. Se isso for verdade, é possível que ela esteja lá há bilhões de anos. Ao entrar em contato com a superfície, a água em forma de vapor congelaria, renovando a camada de gelo que cobre o asteroide.
O artigo da Nature sugere que essa água presente no asteroide pode ser a mesma água que bebemos hoje. Quando a Terra ainda estava em formação, ela era completamente seca e se encontrava a uma distância do Sol denominada “linha de neve”. Ali, a temperatura era alta demais para que o vapor de água se condensasse até virar gelo. Portanto, a água que existe na Terra hoje teria sido “entregue” por fontes externas, fora da linha de neve � por exemplo, com a colisão de asteroides repletos de água, como o Themis 24. Isso significa que os cientistas poderão investigar como era a água nos primórdios do sistema solar, compreendendo melhor a formação do nosso planeta.