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Vostu, a dona dos jogos no Orkut

Criada por três estudantes de Harvard, a empresa americana se dedica exclusivamente ao mercado brasileiro de jogos sociais. É um sucesso

Por Renata Honorato
16 jan 2011, 11h36

‘Os fenômenos Orkut e Twitter mostram como os brasileiros podem pegar um site e fazer dele uma comunidade nacional’ – Daniel Kafie, CEO da Vostu

Três amigos que estudam em Harvard decidem montar uma empresa e apostam no promissor mercado de internet. O negócio dá certo, eles conquistam a confiança dos investidores e, aos vinte e poucos anos, se transformam em milionários. Não, não se trata do Facebook. E embora a história possa ser confundida com a do surgimento de uma centena de empresas do fértil Vale do Silício, seus protagonistas não se mudaram para a ensolarada Califórnia, não miraram o mercado americano nem planejaram uma nova rede social (embora essa fosse a ideia original). Eles concentraram esforços para erguer uma produtora de games sociais totalmente dedicado ao mercado brasileiro – e ao Orkut.

Assim surgiu, em 2007, a Vostu, hoje uma gigante com escritórios em Nova York, Buenos Aires e São Paulo e 260 funcionários. Seu valor de mercado chega aos 300 milhões de dólares, segundo estimativas do site especializado Tech Crunch (a companhia guarda segredo sobre esse valor). Fundada por Daniel Kafie, Mario Schlosser e Josh Kushner – nenhum deles brasileiro -, a startup escolheu o Orkut como ponto de partida para seus negócios por se tratar da maior rede social do Brasil, com cerca de 50 milhões de usuários. Bingo! Atualmente, aproximadamente metade dos cadastrados se delicia com alguma das atrações da empresa: Mini Fazenda, Café Mania, Joga Craque, Vostu Poker, PetMania e Rede do Crime.

Tamanho sucesso levou a uma comparação ao mesmo tempo evidente e elogiosa: o título de “Zynga brasileira”. É uma referência à produtora americana de jogos sociais que domina o gênero no interior do Facebook, como atrações como FarmVille e, agora, CityVille, que já desbancou o antecessor. O sucesso da Vostu atraiu também muito dinheiro. Em novembro, a empresa recebeu o aporte de 30 milhões de dólares dos fundos Accel Partners e Tiger Global Management, os mesmos investidores de Facebook e Zynga.

Comunidade nacional – Daniel Kafie é o CEO da Vostu. Tem 28 anos, nasceu em Honduras, cresceu nos Estados Unidos, fala português fluentemente e flerta com a cultura brasileira há muitos anos. Aprendeu o idioma enquanto estava na universidade. “Sempre gostei muito do português. Fiz algumas aulas em Harvard e pratiquei enquanto trabalhava no Brasil”, conta. Ele explica por que decidiu, com os sócios, se dedicar exclusivamente ao mercado do Brasil: “É a nação do futuro em internet na América Latina. Se você olhar as estatísticas, perceberá que os brasileiros são os usuários que ficam mais tempo conectados no mundo. Naturalmente, vimos aqui uma grande oportunidade”, diz. É uma situação diferente, por exemplo, da vivida na Índia, onde, embora numerosos, os usuários ficam conectados por pouco tempo. “Os fenômenos Orkut e Twitter mostram como os brasileiros podem pegar um site e fazer dele uma comunidade nacional.”

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Tahiana D'Egmont, Chief Marketing Officer da Vostu
Tahiana D’Egmont, Chief Marketing Officer da Vostu (VEJA)

A Vostu já é um sucesso. Mas não pretende descansar. Sabe que vive em um mercado extremamente dinâmico. Parte da tarefa de buscar novos negócios está nas mãos da nova sócia, Tahiana D’Egmont, uma carioca de 25 anos. “Vamos continuar investindo no Orkut, mas não descartamos a ideia de expandir para o Facebook”, diz. Já o mercado latino-americano, uma aposta quase natural para quem atua no Brasil, deverá esperar mais. “Ainda há muito o que ser explorado no Brasil.”

A web não é o limite para a jovem empresa americana. A companhia já trabalha em uma plataforma que permitirá aos usuários jogarem a partir do próprio browser, usando um acesso ao Orkut. Outra aposta é distribuir seus jogos nas lojas de aplicativos para celulares, como App Store, da Apple, e Android Market, do Google. Os aplicativos estarão integrados ao Orkut e serão compatíveis com o maior número possível de celulares.

No intuito de se tornar ainda mais abrangente, a Vostu tem conversado com donos de lan houses e outros pontos off-line. A ideia é vender, nos próximos meses, cartões pré-pagos, com créditos para os jogos. Dessa forma, quem não tiver cartão de crédito, poderá comprar o dinheiro virtual – com o qual obtém itens dos jogos – a partir de uma chave adquirida no mundo real.

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Jogos sociais – O conceito de jogo social é antigo e abrange qualquer tipo de game que permita a interação entre duas ou mais pessoas. Desde 2009, no entanto, a modalidade ganhou dimensões planetárias graças à ascensão de títulos nas redes sociais. É o caso, mais uma vez, dos populares FarmVille e CityVille. O último já atingiu a marca de 100 milhões de usuários cadastrados. É um “arrasa-quarteirão”, como se diz nos Estados Unidos.

Ao contrário de outros segmentos, que apostam no modelo baseado em assinaturas – caso da Blizzard e seu World of Warcraft -, a receita dos jogos sociais vem da compra de itens virtuais. Ou seja: o game é totalmente gratuito e pode ser jogado por qualquer pessoa cadastrada em uma rede social. Contudo, caso o interessado queira evoluir rapidamente na brincadeira ou adquirir um objeto exclusivo, precisa lançar mão do velho e bom cartão de crédito para comprar, em moeda real, o dinheiro virtual com o qual terá acesso aos produtos comercializados nas lojas on-line. Nos Estados Unidos, esta modalidade de compra deve movimentar mais de 650 milhões de dólares neste ano.

Só em 2010, segundo levantamento da consultoria Newzoo, a indústria de games sociais cresceu 66%. A expectativa para este ano, confirma pesquisa da eMarketer, é que o setor movimente ao menos 1 bilhão de dólares. A Vostu, é claro, quer ficar com uma parte dessa montanha de dinheiro.

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