Uruguai terá segundo turno entre Vázquez e Lacalle Pou
Resultados oficiais confirmam as projeções das pesquisas de boca de urna. A diminuição da maioridade penal foi rejeitada pela sociedade uruguaia
O ex-presidente Tabaré Vázquez, da coligação de esquerda Frente Ampla (FA), e o centro-direitista Luis Lacalle Pou disputarão, em 30 de novembro, o segundo turno da disputa pela Presidência do Uruguai, confirmou a Corte Eleitoral na manhã desta segunda-feira. O atual presidente José Mujica, constitucionalmente impossibilitado de tentar a reeleição, foi eleito senador. O candidato da governista Frente Ampla, Vázquez, obteve 45,12% dos votos nas eleições nacionais, seguido de Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional (PN), com 32,04%.
O Partido Colorado (centro-direita), liderado por Pedro Bordaberry, aparece em terceiro lugar, com 13,58% dos votos, e já anunciou o apoio a Lacalle Pou no segundo turno. O minoritário Partido Independente alcançou 2,78% dos sufrágios e conseguiu, pela primeira vez, uma cadeira no Senado. Em discurso a simpatizantes, Vázquez comemorou os resultados e afirmou que seu partido estaria prestes a conseguir a maioria parlamentar. “É um enorme reconhecimento a nove anos de governo da Frente Ampla e ao nosso projeto de país”, afirmou o médico de 74 anos.
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Lacalle Pou, candidato do PN, afirmou que “está intacta a possibilidade de ser governo” e afirmou que buscará o apoio de outros partidos. “Não se trata de um tema de maiorias ou não, se trata de chegar ao governo e, para isto, temos que conversar com o Partido Colorado e com outros partidos que ainda não se definiram como o Partido Independiente”, disse o deputado de 41 anos.
A Frente Ampla, no governo desde 2005, corria o risco de perder a maioria parlamentar que lhe permitiu aprovar, na última década, reformas fiscais e da saúde, ou leis como a descriminalização do aborto, o casamento gay e a regulamentação do mercado da maconha.
Maioridade penal – No mesmo pleito deste domingo, os uruguaios rejeitaram uma reforma constitucional que pretendia diminuir de 18 para 16 anos a idade a partir da qual é possível punir penalmente um jovem por crimes graves, uma vitória para as organizações sociais e a esquerda governista.
A reforma obteve 46% dos votos, abaixo do limite de 50% mais um para ser aprovada, segundo os resultados divulgados pela Corte Eleitoral. “Por sorte, o povo uruguaio não aprovou esta reforma retrógrada, reacionária e autoritária, que em nada teria contribuído para reduzir a delinquência. É uma das melhores notícias que recebi hoje”, disse o vice-presidente, Danilo Astori.
A reforma, promovida pelo candidato Pedro Bordaberry e apoiada pelo Partido Nacional, visava a reduzir a idade de responsabilidade penal para 16 anos em casos de homicídios, lesões corporais graves, roubo com violência, extorsão, sequestro e estupro, entre outros crimes. A reforma foi promovida pela Comissão para Viver em Paz, criada em 2011, em um cenário de crescente insatisfação da população com a falta de segurança pública.
(Com agência France-Presse)