Sequestrador de Sydney tinha histórico de violência e problemas mentais, diz premiê
"Lamentavelmente, há gente em nosso país disposta a realizar atos violentos por motivações políticas", diz Tony Abbott
O extremista iraniano que invadiu um café de Sidney e fez mais de dez reféns sofria de problemas mentais e já tinha cometido outros atos violentos, afirmou nesta terça-feira o primeiro-ministro australiano, Tony Abbott. Segundo o premiê, o indivíduo morto no ataque das forças especiais da polícia “tinha um longo histórico de delitos violentos, extremismo e instabilidade mental”.
Abbott assinalou que o sequestrador tentou associar o sequestro “ao culto de morte do Estado Islâmico”, chegando a pedir aos negociadores uma bandeira do grupo jihadista que semeia o terror na Síria e no Iraque – o que lhe foi negado. A Austrália integra a coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos que combate o EI.
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Abbott disse que o homem identificado como Man Haron Monis, de 50 anos, já era conhecido das autoridades australianas. Ele nasceu no Irã com o nome de Manteghi Bourjerdi, mudou-se para a Austrália em 1996, onde adotou o novo nome. Monis se apresentava como clérigo muçulmano, mas ainda não está claro se ele é realmente uma autoridade religiosa. Ele estava em liberdade sob fiança, acusado de ser cúmplice do assassinato de sua ex-mulher.
“Sabemos que enviou cartas ofensivas às famílias de soldados australianos mortos no Afeganistão. Também sabemos que publicou na Internet material extremista. Lamentavelmente, há gente em nosso país disposta a realizar atos violentos por motivações políticas”, disse Abbott.
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O premiê também parabenizou as forças da polícia por sua atuação neste “encontro com o terrorismo” e destacou que “há lições a aprender” com o incidente. “Examinaremos isto a fundo para decidir o que fazer, mas levará algum tempo para saber exatamente o que ocorreu no Martin Place (distrito de Sidney) e o porquê”.
Após 17 horas de negociações, a polícia invadiu a cafeteria em Sydney onde pessoas eram mantidas reféns. Segundo a polícia de New South Wales, a ação foi desencadeada após terem sido ouvidos tiros no interior do estabelecimento. Três pessoas morreram: o sequestrador e dois reféns (um homem de 34 anos chamado Tori Johnson e uma mulher de 38 anos identificada como Katina Dawson). Outras três pessoas saíram feridas (duas reféns e um policial). Não foi informado se o sequestrador executou as vítimas. Entre os reféns estava uma brasileira, Marcia Mikhael, natural de Goiás. Ela foi libertada com vida na operação policial, de acordo com informações publicadas por parentes em redes sociais.