Preso há nove meses, jornalista do ‘Washington Post’ será processado por espionagem no Irã
Jason Rezaian, correspondente do jornal em Teerã, é acusado de colaborar com 'governos hostis' e fazer propaganda contra o regime dos aiatolás
Um jornalista do diário americano The Washington Post será julgado no Irã por acusações de espionagem, propaganda e colaboração com “governos hostis”. Jason Rezaian, que trabalhava em Teerã como correspondente, está preso desde julho do ano passado e só foi oficialmente indiciado em dezembro. As denúncias que pesam contra o jornalista, no entanto, só foram divulgadas nesta segunda-feira. De acordo com a defesa de Rezaian, que pôde se encontrar pela primeira vez com ele nesta semana, o governo iraniano acusa o repórter de acessar “documentos das políticas interna e externa” e fornecê-los a “indivíduos com objetivos hostis”.
Leila Ahsan, a advogada de Rezaian, disse à rede BBC que é “da natureza da profissão do jornalista ter acesso a informações e publicá-las”. “Meu cliente, contudo, nunca teve acesso direto ou indireto a informações secretas e nem as compartilhou com ninguém”, disse Leila. Por meio de um comunicado, o Washington Post classificou as acusações de “absurdas e desprezíveis”. O editor executivo do jornal, Martin Baron, acusou o Irã de ter optado por um “silêncio indefensável” em vez de explicar os motivos que levaram o país a manter Rezaian sob custódia durante nove meses.
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O Departamento de Estado americano informou que as acusações contra Rezaian são “evidentemente absurdas”. Juntamente com outras potências mundiais, os Estados Unidos têm se empenhado nos últimos meses para negociar os termos de um acordo nuclear definitivo com o Irã. A situação do jornalista não deverá ser abordada pelos países durante as tratativas. A mulher de Rezaian, a também jornalista Yeganeh Salehi, foi presa junto com o marido, mas acabou liberada no ano passado mediante o pagamento de fiança. Ainda não há uma data prevista para o julgamento de Rezaian.
(Da redação)