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Papa: ‘Cúria é Vaticano-cêntrica e farei tudo para mudá-la’

Pontífice fez duras críticas ao governo da Igreja em entrevista a jornal italiano. Afirmou que 'a corte é a lepra do papado' - e que pensou em rejeitar o cargo

Por Da Redação
1 out 2013, 08h01

“Os chefes da Igreja geralmente têm sido narcisistas, amantes da adulação e excitados de forma negativa por seus cortesãos” Papa Francisco

O papa Francisco deflagrou nesta terça-feira mais um capítulo de sua guerra contra os desmandos da Santa Sé. A pouco mais de duas semanas da saída do cardeal italiano Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano demitido pelo pontífice, Francisco concedeu uma entrevista ao jornal italiano La Reppublica, publicada nesta terça-feira, em que faz duras críticas ao governo da Igreja Católica. Segundo o papa, o grande defeito da Cúria é se ocupar apenas de seus próprios problemas, esquecendo-se do mundo que a cerca. Nesta terça, Francisco se reúne com um conselho de oito cardeais de cinco continentes para tratar das reformas da Igreja.

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Declarou o pontífice: “A Cúria é Vaticano-cêntica. Não compartilho dessa visão e farei de tudo para mudá-la”, afirmou Francisco, em entrevista ao fundador do jornal, Eugenio Scalfari. O pontífice pediu à instituição que se comprometa mais com o mundo moderno e afirmou que “os chefes da Igreja geralmente têm sido narcisistas, amantes da adulação e excitados de forma negativa por seus cortesãos”. E completou: “A corte é a lepra do papado”. Francisco explicou que, apesar da Cúria não ser propriamente uma corte, nela existem “cortesãos”.

De fato, o papa já deu início à limpeza ética e moral na burocracia da Igreja Católica, com a demissão de Bertone. Trata-se do primeiro grande movimento de Francisco na mais árdua de suas missões. O coração da Cúria, já no período de João Paulo II e mais recentemente com Bento XVI, à revelia deles, virou um templo de denúncias de pedofilia acobertadas, roubalheira, corrupção e chantagem envolvendo prelados homossexuais que sequestravam o poder decisório do Vaticano mediante extorsão de dinheiro.

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A nomeação de Bertone, ocorrida em 2006, é tida pela banda boa da Igreja como um dos maiores enganos cometidos por Bento XVI, agora papa emérito. O homem que deveria ter sido o braço-direito do pontífice alemão acumulou inimigos e está sob suspeita de má gestão e abuso de poder. A destituição de Bertone foi a reivindicação mais frequente durante as reuniões dos cardeais que antecederam o conclave que elegeu Francisco. No fim do processo, Francisco quer chegar à chamada colegialidade, a forma de governar uma Igreja com a inclusão do clero nas decisões do papa. Hoje, não é assim que funciona.

O conclave também foi tema da entrevista de Francisco ao La Reppublica. O pontífice afirmou ao jornal que, ao receber a notícia de que fora escolhido para suceder Bento XVI, pensou em rejeitar o cargo. “Antes de aceitar, pergunteis se poderia retirar-me por alguns minutos para um quarto anexo ao da varanda sobre a praça. Senti muita ansiedade”, disse. “Fechei os olhos e todos os pensamentos desapareceram. Inclusive o de rejeitar a designação. Em algum momento, uma grande luz me preencheu. Durou um momento, mas pareceu muito tempo”, completou.

(Com agências EFE e France-Presse)

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