Opositores atacam e cortam sinal de TV estatal no Paquistão
Manifestantes protestam contra governo do premiê Nawaz Sharif
A televisão estatal do Paquistão foi atacada nesta segunda-feira por opositores que pedem a renúncia do primeiro-ministro, Nawaz Sharif. Depois de invadirem o prédio da emissora Paquistão Televisão (PTV), em Islamabad, cerca de 400 manifestantes cortaram momentaneamente o sinal do canal. Imagens da invasão chegaram a ser transmitidas antes que o sinal fosse cortado. Pouco depois, soldados liberaram o local e a transmissão foi retomada.
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A lidrança dos opositores é do clérigo muçulmano Tahir ul Qadri e do ex-jogador de críquete Imran Khan. Os dois levaram milhares de pessoas a acampar nas últimas semanas diante do Parlamento do país, exigindo a saída de Sharif sob a alegação de corrupção e fraude eleitoral. Nesta segunda, Imran Khan negou que seus seguidores tenham participado do ataque à emissora e fez um apelo para que prédios públicos não sejam invadidos.
Na noite de sábado, os acampados tentaram marchar até a residência oficial do premiê e entraram em confronto com as forças de segurança. Três pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas. Os opositores derrubaram a cerca que protege a residência oficial e escritório de Sharif, mesmo depois de a polícia ter tentado dispersar o protesto. Nesta segunda, houve outra tentativa de fazer uma passeata até a residência do primeiro-ministro que novamente terminou em confronto, com quatro policiais feridos, segundo fontes médicas citadas pelo The Wall Street Journal.
O chefe do Exército, general Rahil Sharif, teve uma reunião com altos representantes militares após os enfrentamentos, no qual declararam apoio à democracia e expressaram preocupação com a situação. Advertiram, contudo, que o Exército está “comprometido a cumprir seu papel em garantir a segurança do Estado”.
Sharif, deposto em um golpe militar em 1999, tem uma difícil relação com os militares desde sua eleição, devido a vários motivos, entre eles a tentativa de aproximação da Índia. O julgamento do ex-presidente Pervez Musharraf também é motivo de desgaste para o premiê. Analistas e observadores consideram que, mesmo que Sharif supere a crise, ficará enfraquecido e o Exército poderá tomar o controle da segurança e da política externa.
(Com agência EFE)