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Merkel endurece o discurso sobre os refugiados

A chanceler alemã defende regras mais rígidas para a expulsão dos refugiados que comentem crimes, depois da onda de agressões contra mulheres em Colônia

Por Da Redação
9 jan 2016, 18h55

A chanceler alemã Angela Merkel e seu partido defenderam neste sábado regras mais rígidas para a expulsão dos refugiados condenados pela justiça após as agressões contra mulheres durante a noite de Ano Novo em Colônia.”Se um refugiado não cumpre as normas, devem existir consequências. Isto significa que deve perder o direito de residência, independente se tem uma condenação à prisão ou uma suspensão condicional da pena”, disse Merkel em entrevista coletiva.

“Se a lei não é suficiente, a lei deve ser alterada”, completou Merkel, após o escândalo provocado pela suposta participação de vários refugiados em uma série de agressões sexuais contra mulheres durante a noite de ano novo em Colônia. A polícia anunciou neste sábado que a magnitude dessas agressões é muito maior do que se acreditava, com 379 denúncias no total, entre elas 40% de índole sexual. Até agora eram 170 denúncias.

A polícia, cujo chefe foi suspenso na sexta-feira pela forma como conduziu o caso, informou que os suspeitos são majoritariamente solicitantes de asilo e imigrantes em situação ilegal, originários de países norte-africanos.Reunida em Mainz, sudoeste da Alemanha, a direção do partido conservador da chanceler, o CDU, concordou em solicitar que a perda ao direito de asilo na Alemanha se torne mais sistemática em caso de delito. Esta postura deverá ser debatida com o seu aliado na coalizão de governo, o partido social-democrata SPD. A lei alemã impõe atualmente uma condenação de pelo menos três anos de prisão para permitir a expulsão de um solicitante de asilo durante a análise de seu caso, desde que sua vida ou saúde não sejam ameaçados em seu país de origem.

Os acontecimentos de Colônia aumentaram as críticas sobre a política de recepção de refugiados promovida por Merkel, inclusive dentro de seu partido.”Colônia mudou tudo”, disse Volker Bouffier, vice-presidente da CDU. A própria chanceler mudou o discurso esta semana e na sexta-feira afirmou ainda chegam “muitos” refugiados ao país.A Alemanha recebeu 1,1 milhão de demandantes de asilo em 2015 e os eventos de 31 de dezembro em Colonia deixaram o país em estado de choque, com uma opinião pública mais crítica a respeito da política atual.

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Longe de seu reduto de Dresden (leste), o movimento “Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente” (Pegida), que promove a islamofobia, tentava aproveitar neste sábado o descontentamento geral em um protesto em Colônia. Com cartazes com a frase “Rapefugees not welcome”, um jogo de palavras para acusar os refugiados de estupro, eram exibidos por cerca de 1.700 de militantes de extrema-direita nos arredores da catedral de Colônia, assim como bandeiras da Alemanha.

“A Alemanha sobreviveu à guerra, à peste e ao cólera, mas sobreviverá a Merkel?”, questionava um cartaz, em referência à política de recepção de refugiados promovida pela chanceler Angela Merkel.”Merkel se tornou um perigo para o nosso país, Merkel deve sair”, gritava um manifestante no megafone, enquanto Christiana, que tem quatro filhos, afirmou que se sentia “despojada da liberdade”.

A polícia usou gases lacrimogêneos e canhões de água para dispersar a manifestação, depois de manifestantes terem lançado garrafas e rojões contra policiais. Um jornalista e três policiais ficaram levemente feridos, segundo a polícia. A poucos metros do protesto, do outro lado da barreira de proteção policial, quase mil pessoas participavam em uma contramanifestação, aos gritos de “Nazistas fora” e cartazes como: “O fascismo não é uma opinião, e sim um crime”.

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“Estamos aqui para calá-los. É inaceitável que o Pegida explore a horrível violência sexual cometida aqui na noite de Ano Novo e propague suas bobagens racistas”, disse Emily Michels, de 28 anos, em seu megafone. Mais cedo, centenas de mulheres se reuniram na escadaria da catedral de Colônia para protestar contra as agressões ocorridas na noite de Ano Novo.”Não quer dizer não. É nossa lei. Mantenham-se longe de nós”, dizia um dos cartazes que as manifestantes levavam.

“Não à violência contra as mulheres em Colônia, tanto no Festival da Cerveja como no quarto”, dizia outro dos cartazes. As mulheres se manifestaram fazendo barulho com apitos e batendo panelas. “Queremos nos sentir seguras”, disse à AFP Martina Schumeckers, uma música de 57 anos, organizadora da manifestação. A falta de informações concretas sobre a investigação e a inação das forças de segurança na última noite de ano contribuíram para a destituição do chefe de polícia de Colônia, Wolfgang Albers. A polícia federal identificou 32 suspeitos, incluindo 22 solicitantes de asilo, e contabilizou 76 infrações, incluindo 12 de caráter sexual, entre elas sete agressões físicas.

(Com AFP)

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