Itália prende dois traficantes de pessoas envolvidos em naufrágio
Os homens estavam entre os 27 sobreviventes que chegaram à cidade de Catânia após desastre no Mediterrâneo no domingo, que pode ter matado 700 pessoas
A promotoria italiana anunciou nesta segunda-feira que dois homens foram presos por terem comandado o barco clandestino que naufragou domingo no Mar do Mediterrâneo. Mais de 700 pessoas podem ter morrido na tragédia, o que a tornaria o maior desastre naval com imigrantes ilegais na região. Os suspeitos foram encontrados entre os 27 sobreviventes que chegaram à cidade de Catânia, na Sicília, após terem sido resgatados pela Marinha italiana. Um deles é um tunisiano acusado de ser o capitão da embarcação e o outro um sírio, que faria parte da tripulação, de acordo com o jornal britânico Daily Telegraph.
Os traficantes de pessoas teriam sobrevivido porque se encontravam nas partes mais elevadas do barco que afundou no Canal da Sicília. De acordo com um testemunho obtido pela Acnur, a agência da ONU para refugiados, o pesqueiro naufragado emitiu um pedido de socorro. Um navio português que trafegava pela área recebeu o chamado e desviou até o local. Quando a embarcação portuguesa se aproximou do barco clandestino, os imigrantes se deslocaram todos para o mesmo lado e provocaram o naufrágio.
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As tragédias em série ocorridas nos últimos dias têm atraído a atenção do mundo para a situação precária à qual os refugiados de guerra, sobretudo da Líbia, Síria e Iêmen, se submetem para buscar abrigo na Europa. Os imigrantes costumam pagar quantias em dinheiro para criminosos que prometem uma viagem segura até o continente, mas que, na verdade, sobrelotam embarcações frágeis e sem condições de atravessar as águas que separam a costa africana de ilhas e bacias localizadas ao sul da Europa.
A fim de evitar novas tragédias e aliviar a crise, a União Europeia (UE) anunciou um pacote de medidas emergenciais que prevê um reforço militar e financeiro da agência europeia que cuida da vigilância das fronteiras, a Frontex. As medidas incluem o aumento dos recursos da Frontex e a ampliação da operação marítima Triton, que monitora o Mediterrâneo em busca de barcos ilegais. A UE estava recebendo fortes críticas por ter substituído, no final do ano passado, a operação Mare Nostrum pela Triton, que é bem menor. Outros pontos do pacote incluem: tratamento conjunto dos pedidos de asilo; unificação e compartilhamento do banco de dados com impressões digitais e registo de todos os imigrantes; oferta de pacotes de viagem de retorno; maior integração entre os escritórios de imigração dos países mais afetados; e um projeto piloto, de adesão voluntária, para a reinstalação dos imigrantes.