Investigadores dos EUA ligam Coreia do Norte ao ciberataque contra Sony
Segundo jornal, funcionários ainda avaliam se a Casa Branca vai denunciar regime comunista
Investigadores do setor de inteligência dos EUA concluíram que o governo da Coreia do Norte está “profundamente envolvida” no ciberataque aos computadores do Estúdio Sony, informa uma reportagem do jornal The New York Times. Nas últimas semanas o estúdio teve dados e arquivos de filmes ainda inéditos vazados na internet, o que acabou provocando prejuízo de milhões de dólares e arranhou a imagem da empresa.
A Coreia do Norte se tornou a principal suspeita pelos ataques por causa dos planos da Sony de lançar uma comédia que envolve o assassinato do ditador Kim Jong-un, O país asiático reclamou publicamente do filme e chegou a pedir que ele não fosse lançado. Pouco depois, começou o ciberataque ao Estúdio Sony, baseado nos EUA. Oficialmente, o governo norte-coreano nega envolvimento no caso, mas comemorou publicamente os ataques à rede do estúdio.
Os investigadores, que não tiveram os nomes revelados, afirmaram que a Casa Branca ainda está analisando o que fazer com a descoberta e se o governo americano vai denunciar publicamente a Coreia do Norte pelos ataques, classificados como uma “campanha de ciberterrorismo. Além de provocar os vazamentos, os hackers ameaçaram atacar os cinemas que exibirem o filme A Entrevista, com um ‘novo 11 de setembro’. Após várias redes de cinemas dos EUA decidirem cancelar exibições, a Sony decidiu adiar a estreia do filme no país, que estava originalmente programada para 25 de dezembro.
De acordo com o NYT, o caso gera uma série de dúvidas sobre como responder a Pyongyang. Alguns funcionários da administração Obama defendem confrontar o regime comunista de Kim, mas isso levanta questões sobre as consequências do ato. Os funcionários também estão calculando até que ponto poderão provar que a Coreia do Norte está por trás do ataque sem revelar detalhes sobre como os americanos penetraram nas redes do país asiático para rastrear a origem do ciberataque.
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Outros funcionários argumentam que uma acusação direta pode ajudar a escalar um novo conflito com o regime, dando munição para que os norte-coreanos busquem um novo confronto, como é costume deles.
Os japoneses, país de origem da Sony, argumentaram que uma acusação direta pode interferir nos esforços diplomáticos que estão sendo feitos com Pyongyang para a devolução de vários reféns japoneses que estão na Coreia do Norte.
Além disso, a investigação sobre a origem do ciberataque não foi concluída. Apesar de terem rastreado a Coreia como a mandante e a executora do ataque, os investigadores ainda tentam determinar se os comunistas tiveram alguma assistência de funcionários da própria Sony, que tinham conhecimento detalhado sobre as redes do estúdio.
A Coreia do Norte começou a reclamar do filme em julho. Uma carta enviada ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, por Ja Song Nam, embaixador do país, declarava que o filme era um “ato de guerra” dos Estados Unidos. O país também havia pedido que os envolvidos na produção do longa-metragem fossem punidos.
Em novembro, o site da Sony passou a ser alvo de ataques que desligaram a maior parte da rede interna por mais de uma semana, com hackers divulgando dados confidenciais pela Internet, incluindo o salário de funcionários, e-mails indiscretos contendo opiniões pouco favoráveis sobre vários atpres e versões em alta qualidade de vários filmes inéditos.