França: negociação com Irã não está madura para acordo iminente
Ministro das Relações Exteriores francês se retirou das negociações na Suíça e disse que só volta "quando for necessário". Potências e Irã divergem em dois pontos-chaves do plano
O chanceler da França, Laurent Fabius, disse nesta quarta-feira que as conversações entre o Irã e potências mundiais sobre o programa nuclear iraniano não avançou o bastante para que se obtenha uma rápida conclusão. Ele deixou as negociações e disse que voltará “quando for útil”, informou seu gabinete. Falando a repórteres após uma reunião de rotina do governo francês em Paris, Fabius disse que está pronto “quando for necessário” para voltar à mesa de negociações em Lausanne, na Suíça, onde o Irã e as grandes potências tentam chegar a um acordo.
Também presente na mesa de negociações, a Alemanha afirmou que as negociações nucleares com o Irã “se atolaram em alguns pontos-chave”, mas, “há avanços”. Fontes da delegação alemã em Lausanne disseram que “nada está estipulado, mas com a boa vontade de todos é possível conseguir um acordo”.
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Ao final da reunião em Lausanne, o presidente americano, Barack Obama, reuniu-se em Washington com seus assessores do Conselho de Segurança Nacional para analisar o resultado das negociações. “O presidente foi informado do avanço das negociações pelos secretários de Estado, John Kerry e de Energia, Ernie Moniz, assim como por outros membros da equipe de negociações de Lausanne”, disse a porta-voz do Conselho, Bernadette Meehan, acrescentando que Obama agradeceu aos negociadores por seus esforços.
Após vencer na meia-noite de ontem o prazo estipulado para conseguir um acordo nuclear com o Irã, as partes retomam hoje os contatos em diferentes níveis. O ministro alemão de Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, segue hoje em Lausanne, junto a seus colegas dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Rússia e Irã, além da chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.
Pontos de atrito – Dois pontos-chave continuam a bloquear uma solução: a duração do acordo e o fim das sanções. No ponto que diz respeito à duração do acordo, as grandes potências desejam um quadro estrito de controle das atividades nucleares iranianas por ao menos 15 anos, mas o Irã não quer se comprometer além de 10 anos. Na questão da retirada das sanções, os iranianos querem o fim de todas as restrições econômicas e diplomáticas, consideradas humilhantes, assim que o acordo for assinado, mas as grandes potências desejam uma retirada gradual dessas medidas ligadas à proliferação nuclear e adotadas a partir de 2006 pelo Conselho de Segurança da ONU.
Dentro do chamado grupo 5+1, há ainda países que defendem outro mecanismo que permitiria reimpor rapidamente as punições em caso de descumprimento por Teerã de seus compromissos. As potências internacionais esperam fechar um acordo que impeça o Irã de desenvolver armas nucleares, que também reduziria as sanções econômicas impostas à República Islâmica.
(Da redação)