Farc suspendem cessar-fogo na Colômbia
O grupo terrorista decretou o fim da trégua após a morte de 26 de seus combatentes em um bombardeio realizado pelo Exército. Forças armadas foram atacadas primeiro
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) suspenderam nesta sexta-feira o cessar-fogo que começou no dia 20 de dezembro do ano passado, como consequência da morte de 26 guerrilheiros em um bombardeio realizado pelo Exército colombiano. A retomada dos bombardeios foi autorizada pelo presidente Juan Manuel Santos em abril, após um ataque dos terroristas no sudoeste do país deixar onze militares mortos e outros vinte feridos.
Falando da Casa de Nariño, sede do governo, Santos pediu aos colombianos que, assim como se comoveram com a morte dos militares, também sintam a dor da família dos guerrilheiros: “Somos todos filhos de uma mesma nação. Essa é a guerra que eu quero terminar”. Aos generais, ordenou que não baixem a guarda, e os parabenizou pelo bombardeio.
Um dos negociadores de paz das Farc, Félix Antonio Muñoz Lascarro, mais conhecido como ‘Pastor Alape’, afirmou que seria impossível manter a trégua unilateral após o bombardeio militar do acampamento onde estavam os 26 terroristas mortos. O ataque aconteceu nesta quinta-feira em uma zona rural do município de Guapi, no departamento do Cauca. O número de mortos foi confirmado pelo próprio presidente em um anúncio na manhã de hoje.
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No dia 15 de abril, onze militares colombianos morreram e seis ficaram feridos durante enfrentamento com membros das Farc, no departamento de Cauca. Após o combate, Santos declarou em sua página no Twitter que as Farc “deliberadamente romperam a promessa unilateral” de trégua. “As Forças Armadas não suspenderam e nem suspenderão suas ações para proteger a população civil e o controle territorial. Não pode haver e nem haverá um cessar-fogo bilateral sem um acordo sério, definitivo e que comprove o término do conflito”, acrescentou.
Em outro sinal da crescente tensão, foi suspensa nesta sexta-feira uma reunião conjunta em Havana das delegações do governo e das Farc, aberta à imprensa, na qual eram aguardadas informações sobre o início do processo de desarmamento das minas terrestres. No entanto, as duas delegações devem voltar a dialogar neste sábado, como estava previsto antes da crise provocada pelo bombardeio. As duas partes iniciaram na quarta-feira o trigésimo sétimo ciclo de negociações de paz.
(Da redação)