Chefe de atirador o mandou procurar ajuda médica para controlar sua agressividade
O jornal 'The Guardian' teve acesso a memorandos internos da emissora WDBJ7 que comprovam que Flanagan foi orientado a se tratar. Ele recusou a ajuda e foi demitido
O chefe do repórter que matou a tiros nesta quarta-feira dois ex-colegas durante uma entrevista ao vivo disse para ele ir procurar tratamento médico, reporta nesta sexta o jornal The Guardian. A informação consta em relatórios internos da WDBJ7, emissora em que Vester Lee Flanagan trabalhou durante cerca de um ano entre 2012 e 2013. De acordo com os documentos, Flanagan foi repreendido por ter se dirigido a uma colega utilizando “linguagem dura” e “linguagem corporal agressiva” enquanto trabalhava como repórter. “Em três ocasiões distintas no mês passado ele se comportou de uma maneira que fez com que seus colegas se sentissem ameaçados ou desconfortáveis”, escreveu Dan Dennison, que na época era chefe de reportagem da WDBJ7, uma emissora regional afiliada da CBS.
O repórter problemático foi instruído a entrar em contato com profissionais de assistência médica para controlar sua agressividade. “Esta é uma referência obrigatória exigindo seu cumprimento”, informa o texto do memorando recebido por Flanagan, datado de 30 de julho de 2012. “O não cumprimento resultará em demissão”, ressalta o texto. Na véspera de Natal de 2012, Dennison alertou Flanagan que ele tinha uma última chance de salvar seu emprego procurando ajuda profissional para tratar seus problemas de comportamento. Flanagan ignorou os pedidos e foi demitido três meses mais tarde.
Leia também
Atirador disse que matou jornalistas para vingar massacre de Charleston
Repórter e cinegrafista são mortos ao vivo nos Estados Unidos
Atirador filmou ataque a jornalistas
No dia da sua demissão, Flanagan ficou tão agitado que vários membros da sua equipe ficaram com medo de serem agredidos e se trancaram em uma das salas da emissora. Ele então teve de ser escoltado para fora do edifício pela polícia. Meses depois, ele abriu um processo contra a WDBJ7 culpando seus colegas por sua saída da empresa. “Toda a minha vida foi interrompida depois de atravessar o país atrás de um trabalho só para ver o meu sonho se transformar em um pesadelo”, escreveu em uma carta a um juiz. Flanagan era da Califórnia, mas já tinha trabalhado nos Estados da Florida e da Carolina do Norte antes de ir para Virgínia.
Flanagan matou a repórter Alison Parker, de 24 anos, e o cinegrafista Adam Ward, 27, enquanto a dupla realizava uma entrevista ao vivo em Moneta, na Virgínia. Depois de filmar a ação e publicar o vídeo em redes sociais, o atirador fugiu do local e atirou em si mesmo em uma estrada interestadual do mesmo Estado. Ele foi resgatado com vida pelos policiais que o perseguiam, mas morreu no hospital.
(Da redação)
Vídeo: Atirador filmou ataque a repórter e cinegrafista
https://www.youtube.com/watch?v=zgngJ-O-FZU
Vídeo: Repórter e cinegrafista são mortos ao vivo
https://www.youtube.com/watch?v=tl_t1ChK3HQ