As frágeis conversas de paz da Síria sofreram um duro golpe nesta terça-feira, depois que ataques aéreos mataram cerca de 40 pessoas em um mercado lotado em território rebelde. A oposição afirma que a trégua em vigor acabou e que vai se manter longe da mesa de negociações por tempo indeterminado.
Um grupo de monitoramento disse acreditar que o ataque ao mercado de vegetais da cidade de Maarat al-Numan, na província de Idlib, foi a ação isolada mais mortífera desde que um cessar-fogo parcial foi adotado em 27 de fevereiro, mediado pelos Estados Unidos e pela Rússia, para abrir caminho para as primeiras tratativas de paz no conflito iniciado há cinco anos. A França descreveu os ataques como “mais um massacre”.
Um socorrista disse que aviões de guerra alvejaram simultaneamente mercados movimentados em duas cidades de Idlib, matando pelo menos 38 pessoas em Maarat al-Numan e 10 outras na vizinha Kafr Nubl.
“Temos mais de 20 carros que estão levando mortos e feridos para hospitais da área”, contou Ahmad Sheikho, membro da corporação de defesa civil, um serviço de resgate que opera em territórios controlados pela oposição.
O ataque aéreo foi acompanhado de combates intensos em outras áreas. Não ficou claro de imediato a quem pertenciam as aeronaves responsáveis pelos bombardeios. Tanto a Força Aérea síria como a de seus aliados russos vêm atuando apesar da cessação das hostilidades. Damasco e Moscou afirmam só estarem atacando territórios ocupados por combatentes islâmicos que não fazem parte do cessar-fogo, mas grupos opositores contradizem essa afirmação dizendo que o governo e seus apoiadores russos usam os radicais islâmicos para justificar ataques mais abrangentes.
As negociações de paz, que aconteciam em Genebra sob a coordenação da Organização das Nações Unidas (ONU), também parecem ter desmoronado nesta semana. A oposição afirma ter pedido uma “pausa” nas conversas, embora esteja relutando em aceitar a culpa pelo fracasso ao se retirar por completo da mesa de negociações.
(Com agências Reuters e AFP)