Afeganistão: atentado suicida em funeral deixa 9 mortos
Homem-bomba detonou explosivos durante funeral de líder tribal em província no norte do país. Chefe da polícia de Cabul renunciou
Pelo menos nove pessoas foram mortas nesta segunda-feira em um atentado suicida perpetrado durante um funeral na província de Baghlan, no norte do Afeganistão. Segundo as autoridades, dois policiais estão entre as vítimas e dezoito pessoas ficaram feridas.
O chefe de polícia Aminullah Amarkhil disse que um homem-bomba detonou os explosivos entre as pessoas que acompanhavam o funeral de um líder tribal no distrito de Burka. O governador local afirmou que o alvo do ataque eram policiais e integrantes da assembleia provincial que compareceram à cerimônia.
O ataque é o mais recente de uma série de atentados que também atingiu a capital Cabul, no momento em que o Afeganistão se prepara para a saída das tropas estrangeiras do país – a maior parte deixará o território afegão este mês.
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Nos últimos 15 dias, pelo menos nove atentados foram registrados na capital, o que levou o chefe da polícia local a pedir demissão. A renúncia do general Mohammed Zahir foi apresentada ao Ministério do Interior depois de um ataque suicida taleban no sábado, que provocou a morte de um líder sul-africano de um grupo de ajuda estrangeiro. Nos últimos dias, quatro estrangeiros, incluindo um funcionário da embaixada britânica, e dezenas de civis afegãos foram mortos em ataque, aumentando a preocupação com o fim oficial da missão dos Estados Unidos e da Otan no país.
O próprio general Zahir, que ocupava a chefia de polícia de Cabul desde o ano passado, foi alvo de uma tentativa de assassinato. Um homem-bomba entrou no prédio da polícia e detonou explosivos ao tentar entrar no escritório do general. Um alto integrante do governo disse que a saída de Zahir não estava diretamente relacionada aos recentes ataques. Para os terroristas do Talibã, no entanto, a queda do general foi resultado dos atentados, que “o forçaram a renunciar e fugir”.
Ontem, o presidente Ashraf Ghani ratificou um acordo de segurança que prevê a permanência de aproximadamente 12.000 militares da força da Otan no país, para operações de treinamento, aconselhamento e apoio às forças de segurança locais.
Gabinete – O presidente também está enfrentando dificuldades para formar um novo governo. No domingo, ele demitiu antigos ministros e anunciou que os vices ocupariam temporariamente as funções.
Os obstáculos para a formação de um novo gabinete decorrem da divisão de poder decorrente de um acordo firmado depois das eleições presidenciais. Uma disputa sobre quem teria vencido o pleito se prolongou a ponto de se buscar um pacto que colocou Ghani na Presidência e seu adversário no pleito, Abdullah Abdullah, como chefe executivo.
O acordo foi fechado em setembro e, desde então, os dois não conseguiram chegar a um consenso sobre a formação do novo governo, levantando questões sobre as chances de o pacto resistir por muito tempo, indicou o jornal The New York Times.
(Com Estadão Conteúdo)