Sobe para 73 o número de mortos em atentados no Iraque
45 pessoas morreram próximo à cidade de Nassiriyah e 28 na capital Bagdá
Subiu para ao menos 73 o número de mortos provocados por uma série de ataques a xiitas nesta quinta-feira no Iraque. De acordo com a polícia e fontes médicas, as explosões deixaram ainda dezenas de feridos. Na capital iraquiana, onde houve duas explosões, os ataques foram os mais violentos desde os atentados que mataram 67 pessoas em 22 de dezembro.
A crescente violência sectária no Iraque expõe o clima de tensão resultado da crise política entre xiitas e sunitas, deflagrada no mês passado, na véspera da retirada das tropas americanas do país. As explosões mais violentas desta quinta foram perto da cidade de Nassiriyah, no sul do Iraque, onde ataques contra um grupo de peregrinos xiitas mataram 45 pessoas e feriram pelo menos 68, segundo um comunicado postado no site oficial da província de Zi Qar.
Os ataques ocorreram depois de uma série de atentados com bomba nos dois principais bairros xiitas de Bagdá, Kazimiya, onde fica o mausoléu do sétimo imã, Musa al Kadum, e Sadr City, o maior bairro xiita da capital. Ao menos 28 pessoas morream.
Em Kazimiya, dois automóveis repletos de explosivos foram detonados em cruzamentos próximos e deixaram 15 mortos e 31 feridos, segundo o Ministério do Interior. Em Sadr City, uma moto-bomba explodiu perto de um grupo de jornaleiros que esperavam o início do dia de trabalho. O ataque deixou 13 mortos e 20 feridos. Poucos minutos depois, mais duas bombas à margem de uma avenida explodiram perto do principal hospital de Sadr City, para onde eram levadas as vítimas do primeiro atentado: duas pessoas faleceram e 15 ficaram feridas.
Impasse – Cresce no Iraque o medo de que piore ainda mais o conflito entre xiitas e sunitas, agravado depois que o primeiro-ministro Nuri al Maliki, xiita, tirou dois polícos sunitas do poder depois que os EUA retiraram suas tropas do Iraque. Desde o início da crise, dirigentes dos dois blocos políticos manifestam preocupação com a possibilidade de um ressurgimento da onda de violência religiosa que provocou milhares de mortes entre 2006 e 2007.
O impasse político no Iraque teve início depois que a bancada parlamentar do partido Iraqiya, de orientação sunita, passou a criticar, em dezembro e em tom duro, os métodos do governo do primeiro-ministro xiita Nuri al Maliki. A situação se agravou com a ordem de prisão contra o vice-presidente Tarek al Hashemi, um sunita, que se refugiou no Curdistão iraquiano, no norte do país.
O bloco Iraqiya, segundo maior grupo no Parlamento, com 82 legisladores, boicota há mais de duas semanas os trabalhos legislativos. Seus nove ministros fazem o mesmo no Executivo. “Os políticos lutam entre eles pelo poder e nós pagamos o preço”, lamentou Ahmed Khalaf, um dos jornaleiros que testemunhou as explosões em Sadr City.
Estados Unidos e ONU pediram calma e diálogo às diferentes tendências políticas, mas até o momento sem resultados concretos. O primeiro-ministro Maliki aparentemente cedeu esta semana ao aceitar que os ministros do Iraqiya mantenham o boicote sem o risco de demissão. Eles passaram a ser considerados ministros em férias.
(Com agência France-Presse)