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Resgate é acompanhado por mais de 1.500 jornalistas do mundo todo

Ontem, quando teve início a operação de resgate, mais de 1.500 jornalistas de 60 veículos nacionais e 250 internacionais estavam no local

Por Manuela Franceschini, de Copiapó, no Chile
13 out 2010, 16h21

A rede britânica BBC, que antes enviara três jornalistas, mandou mais de 60 pessoas que se revezam em turnos. Os ingleses também têm sua própria comida – um cozinheiro fica a cargo do cardápio, que chega a contar com risoto de cogumelos

Com a proximidade do resgate, a imprensa do mundo todo desembarcou em Copiapó para noticiar a saída dos 33 trabalhadores soterrados na mina San José, no Chile. Há dois meses, quando foram encontrados com vida, a estrutura de cobertura jornalística que se montou era outra e o número de repórteres não chegava a 300 e o trabalho ficava restrito a uma tenda. Ontem, quando teve início a operação de resgate, mais de 1.500 jornalistas de 60 veículos nacionais e 250 internacionais estavam no local. Já não é possível dar alguns passos sem enroscar os pés na teia de fios pretos que cobrem a areia, por todos os lados.

Até mesmo as equipes que já estavam no local foram ampliadas para noticiar o resgate. A rede britânica BBC, que antes enviara três jornalistas, mandou mais de 60 pessoas que se revezam em turnos. Os ingleses também têm sua própria comida – um cozinheiro fica a cargo do cardápio, que chega a contar com risoto de cogumelos. No final do dia, quando resolvem comer todos juntos em algum restaurante da cidade de Copiapó – são poucos, pequenos e fecham cedo -, deixam o resto dos jornalistas sem opção. Por diversas vezes se vê alguém de pé na porta de um restaurante explicando que está “esperando a BBC acabar.”

A agência francesa de notícias AFP havia mandado apenas um repórter e um fotógrafo nos meses anteriores. Para o fim da tragédia, são quatro responsáveis pela produção de texto, um para vídeo e sete fotógrafos. “Era necessário, apostamos muito nessa cobertura”, explicou ao site de VEJA o repórter Moisés Ávila, que esteve durante todos esses meses na mina San José. A principal diferença que percebeu agora é a busca incessante dos jornalistas por histórias. “Eles percorrem as barracas das famílias, como compradores. E as famílias têm o produto, que são as histórias.”

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Neste novo cenário, foram montadas 250 tendas e 52 traillers, onde trabalham os jornalistas. É possível encontrar uma dessas instalações a cada dois metros, para qualquer lugar que se olhe. Em todas as rochas mais altas, há palcos improvisados, feitos de madeira, como palafitas, para as entradas ao vivo das TVs. Os familiares são pescados nas barracas e levados diretamente para o estúdio montado com canhões de luz, rebatedores, câmeras e até cadeiras para os convidados.

Emoção – Mesmo com toda a frieza que se constituiu a cobertura nos dias que antecederam o resgate, não houve jornalista que não se emocionasse quando Florêncio Avalos apareceu na superfície. Uma equipe de televisão belga, que acompanhava a reação das famílias de frente para o telão, se abraçou e chorou copiosamente. Mesmo os fotógrafos, com os olhos ocupados pelo trabalho, descansavam as lentes e enxugavam o rosto.

Depois de meses de envolvimento com a história dos 33, das famílias, acompanhando o sofrimento diário e tudo o que se desenrolou desde o dia 5 de agosto, Francisco Peregil, do jornal espanhol El País, viu na situação um retrato do paradoxo que compõe esse acontecimento. “Em principio, primava a solidariedade, o sacrifício das famílias; ontem, todos queriam saber de dinheiro, de entrevistas exclusivas. Mas com a chegada desse homem que nunca havia aparecido, Florêncio, ficou evidente a fragilidade do ser humano. Todos o víamos, como em um reality show, mas sabíamos que podia morrer a qualquer instante. Foi um momento emocionante de ser visto.”

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