Referendo na Ucrânia: guardas abrem fogo contra multidão
Público estava aglomerado em local de votação do referendo sobre a independência de região no leste do país
Guardas ucranianos abriram fogo contra uma multidão que estava aglomerada em frente à sede da prefeitura de Krasnoarmeisk, no leste do país. O público participava do referendo organizado por militantes pró-Rússia que desejam a independência da região – uma iniciativa que é condenada pelo governo ucraniano.
De acordo com as autoproclamadas autoridades locais, há um número ainda não estimado de vítimas. Uma agência de notícias local informou que pelo menos uma pessoa morreu. Um fotógrafo da agência Associated Press testemunhou o ataque e afirmou ter visto duas pessoas permaneceram no chão sem se mexer depois que os disparos foram efetuados.
Segundo a agência, os guardas chegaram a fechar a “seção eleitoral” que estava funcionando na prefeitura algumas horas antes, mas o público não quis deixar o local. Alguns tentaram intimidar os guardas, que acabaram abrindo fogo.
Logo depois do encerramento da votação, diversos rebeldes pró-Rússia expressaram confiança que o leste da Ucrânia tenha decidido pelo autogoverno em referendo realizado neste domingo, com alguns dizendo que a votação representa a independência e outros afirmando que abre caminho para uma união com a Rússia.
Bem antes do fechamento das urnas, um líder separatista disse que a região vai formar seus próprios órgãos estatais e suas Forças Armadas depois do referendo, formalizando uma divisão que começou com a invasão armada de prédios públicos em uma série de cidades do leste, no mês passado.
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Outro líder disse que a votação não mudaria o status da região, mas simplesmente mostraria que o Leste quer decidir seu próprio destino, seja como parte da Ucrânia, como nação independente ou como parte da Rússia.
A votação foi caótica em algumas cidades. A rede CNN mostrou um vídeo em que um homem vota duas vezes em uma seção. Há também relatos de que professores e diretores que se recusaram a ceder suas escolas para a organização do referendo foram ameaçados.
Na cidade portuária de Mariupol, no sudeste, onde houve cenas de violência na semana passada, havia apenas oito postos de votação para uma população de meio milhão. As filas se formaram ao longo de centenas de metros.
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Líderes ocidentais, confrontados com uma assertividade russa não vista desde a Guerra Fria, ameaçaram impor mais sanções nas áreas-chave de energia, serviços financeiros e engenharia se Moscou continuar com o que eles consideram ser esforços para desestabilizar a Ucrânia.
A União Europeia declarou o referendo ilegal neste domingo e pode anunciar algumas medidas modestas já na segunda-feira, limitada pela relutância do bloco em abalar as relações comerciais com a Rússia.
Moscou nega qualquer papel nos combates na Ucrânia ou ter ambição de absorver a região leste ucraniana, que tem maioria da população de língua russa, após ter anexado a península da Crimeia depois de um referendo em março.
(Com agências EFE e Reuters)
Entenda a atual situação dos conflitos nas cidades ao leste da Ucrânia: