Quinze anos depois, terrorismo em Nairóbi volta a mirar estrangeiros
Grupo terrorista Al Shabab, ligado à rede Al Qaeda, assume autoria de ataque em shopping que deixou pelo menos 39 mortos, incluindo quatro estrangeiros
Atualizado às 23h50
Quinze anos depois que a Al Qaeda chamou a atenção do mundo pela primeira vez, em 1998, com ataques simultâneos a embaixadas americanas em Nairóbi, onde deixou 213 mortos e na Tanzânia (11 vítimas), a capital do Quênia voltou a ser alvo de terroristas com o ataque ao shopping Westgate, que matou neste sábado pelo menos 39 pessoas. Em comum, além do local, está o objetivo dos ataques no Quênia: eliminar estrangeiros.
Entre os mortos estão duas francesas, confirmou o governo francês, e dois canadenses – um deles era diplomata. O Departamento de Estado dos EUA anunciou que há “vários americanos” entre os feridos, mas não quis dar mais detalhes – são ao menos quatro, afirmam as agências internacionais.
Frequentado por turistas, diplomatas estrangeiros e a elite queniana, o shopping center foi invadido por homens armados que abriram fogo contra o público, transformando o prédio em uma zona de guerra. O tiroteio continuou durante horas após o ataque inicial, com a resposta do Exército queniano. Segundo dados oficiais, o terror não terminou: ainda há 36 reféns no prédio. O último balanço do governo fala em 39 mortos e 293 feridos, e em uma grande operação das forças de segurança em curso.
Horas depois do ataque, o grupo terrorista Al Shabab assumiu a autoria do atentado e disse, via Twitter, que o Quênia havia recebido repetidos avisos para retirar suas tropas da Somália sob pena de sofrer “consequências graves”. “O governo queniano, no entanto, se fez de surdo às nossas repetidas advertências e continuou a massacrar inocentes muçulmanos na Somália”, disse o grupo em seu Twitter oficial, @ HSM_Press. “O ataque no Westgate Mall é apenas uma pequena fração do que os muçulmanos na Somália passam nas mãos dos invasores quenianos”, disseram os militantes.
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O grupo afirmou ainda, pelo Twitter, que seus militantes escoltaram os muçulmanos para fora do prédio antes de começar o massacre. A declaração corrobora o depoimento de uma sobrevivente que disse a jornalistas que os homens armados ordenaram que todos os muçulmanos deixassem o local antes de iniciar o massacre.
Histórico – Antes do surgimento do grupo Al Shabab, ligado à Al Qaeda, o Quênia já foi alvo de atentados terroristas, como o bombardeio à embaixada americana em Nairóbi em 1998, que foi planejado para marcar o oitavo ano da presença das forças armadas americanas na Arábia Saudita, e os ataques coordenados contra um hotel cujo dono é de origem israelense e contra um avião de Israel em 2002. No entanto, o país tem sofrido mais ataques depois de invadir a Somália em outubro de 2011, com o objetivo de ajudar a combater os terroristas do Al Shabab junto aos EUA, França e Etiópia.
Desde 2011, uma série de pequenos ataques contra igrejas, bares, shoppings e instalações militares sacodem o Quênia. O primeiro aconteceu em 24 de outubro de 2011, quando uma granada foi jogada contra um bar em Nairóbi, matando uma pessoa e ferindo 20. No mesmo dia, uma granada foi lançada contra um carro em um terminal de ônibus em Machakos, matando cinco. Em março de 2012, um novo ataque contra um terminal de ônibus deixou seis mortos e 60 feridos. O maior ataque realizado no ano passado, no entanto, foi contra duas igrejas em Garissa, em julho, quando homens mascarados mataram 17 pessoas.